Trabalhadores da Petrogal dizem ser urgente eliminar a exposição da Galp

A Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal afirmou hoje que é "urgente eliminar a exposição da Galp" gerada pelas investigações à empresária angolana Isabel dos Santos e reiterou a necessidade de o Governo reforçar a participação na empresa.

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Lusa
06/02/2020 21:19 ‧ 06/02/2020 por Lusa

Economia

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"É urgente eliminar a exposição da Galp e da sua relevância nacional a jogos de interesse, ainda que neste caso seja de outro Estado", refere o comunicado divulgado pela CCT da Petrogal, acrescentando que a posição assumida pelo Governo português relativamente às investigações a Isabel dos Santos "é muito curta e deixa por explicar várias questões".

A nota emitida pela CCT da Petrogal refere também que "as declarações pela rama" do executivo são uma forma de "passar recados ou desviar atenções", mas "não há respostas que garantam, tanto o interesse nacional, como dos trabalhadores".

Questionando se o Governo "está a abrir a porta" à saída de Isabel dos Santos da Galp, a CCT considera que o passo seguinte "seria esclarecer se a Parpública vai assumir ou, pelo menos, encetar negociações para adquirir a participação" da empresa, ou se vai deixar "ao arbítrio alheio todas as geometrias de interesses que cabem na alienação da participação" da filha do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos.

"O Governo poderá sempre continuar a assobiar para o lado e dizer que Isabel dos Santos não tem uma participação direta na Galp, porém, esse será o caminho para que tudo fique na mesma, logo, tudo vá para pior", sublinha a nota.

Se o executivo, liderado pelo socialista António Costa, "fingir que nada se passa", poderá "deixar em aberto" a hipótese de um dia ser descoberto "um qualquer negócio que coloque em causa a sacrossanta estabilidade acionista" da Galp, acrescenta a CCT.

Uma investigação de um consórcio internacional de jornalistas, do qual fazem parte o Expresso e a SIC, refere que Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira.

A investigação revela ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana.

O EuroBic anunciou que a empresária vai abandonar a estrutura acionista, o mesmo acontecendo na Efacec. Os três membros não executivos do Conselho de Administração da NOS ligados a Isabel dos Santos saíram também já da operadora de telecomunicações.

Em 22 de janeiro, a Procuradoria-Geral da República de Angola anunciou que a empresária angolana tinha sido constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela petrolífera estatal Sonangol.

Os investimentos de Isabel dos Santos em Portugal foram sobretudo concentrados nos setores da banca, da energia e das telecomunicações, nomeadamente com posições na operadora de telecomunicações NOS, no banco EuroBic, na Efacec e na Galp.

Sobre a Efacec, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, disse, na quarta-feira, estar convencido da existência de "boas condições" para que seja encontrada uma solução que "permita ultrapassar as perturbações", na sequência da saída da empresária do capital desta empresa.

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