"Numa primeira fase, o plano de recuperação tem de responder àquilo que foi mais severamente afetado", disse o ministro numa videoconferência de imprensa organizada pela representação em Portugal do Parlamento Europeu (PE).
Nelson de Souza frisou que a crise económica associada à paralisação das economias se "abate de forma bastante severa em setores como por exemplo o turismo", "aliás ligado a outros setores, como a restauração ou a aviação", mas também em setores exportadores, "como o calçado e o têxtil", que embora "tenham sabido responder às oportunidades criadas pela crise, também viram afetadas globalmente as suas exportações".
"Num primeiro tempo, o plano de recuperação também tem de responder a essas questões reais", disse, frisando que esta dimensão vai a par com outra, a de que o plano se deve basear "na agenda europeia de relançamento", que envolve o crescimento verde, a digitalização e o reforço das cadeias produtivas, entre outros.
"É preciso juntar várias perspetivas", insistiu.
Nelson de Souza evocou, noutro exemplo, que o critério de consideração do nível de desemprego gerado pela crise deve ter não só em conta o desemprego efetivo, mas também a situação das "pessoas que estão em esquemas de trabalho de suspensão temporária, que não contam como desempregadas mas que estão em situação transitória e até com perda de rendimentos, com os seus direitos afetados e porventura muitos deles ameaçados de desemprego quando terminarem essa situação".
"Obviamente, a política de coesão tem de ser utilizada como instrumento, porque é aquela que está melhor preparada no terreno para ter resposta rápida", disse, adiantando que Portugal subscreveu "uma posição comum", hoje evocada na imprensa europeia e que junta também, por iniciativa de Itália, França, Grécia e Chipre.
O objetivo, explicou, é que também relativamente ao pacote do fundo que for associado à política de coesão, "fará algum sentido que os critérios normais [de distribuição das verbas do orçamento europeu] possam ser ajustados, mas sem alterar drasticamente aquele que é o ADN da política de coesão, que tem a ver com o favorecer as regiões mais pobres, menos desenvolvidas, tendo em consideração o que foi mais particularmente afetado".