Em declarações à agência Lusa, a secretária-geral da entidade, Ana Jacinto, considerou que as medidas aprovadas na segunda-feira pelo Governo fomentam ainda mais a aglomeração de jovens em locais sem controlo.
"A medida mais certa e que mais contribuiria para solução era, de facto, o Governo permitir a abertura dos bares e das discotecas, porque teriam de funcionar com regras apertadas, com protocolos e estes jovens seriam controlados", realçou a dirigente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
Ana Jacinto pronunciava-se sobre o diploma que entrou hoje em vigor sobre o encerramento de "todos os estabelecimentos de comércio a retalho e de prestação de serviços, bem como os que se encontrem em conjuntos comerciais", às 20:00, na Área Metropolitana de Lisboa (AML).
A exceção são os restaurantes "exclusivamente para efeitos de serviço de refeições no próprio estabelecimento" e também os restaurantes com serviço de 'take away' ou entrega no domicílio, "os quais não podem fornecer bebidas alcoólicas no âmbito dessa atividade".
Para secretária-geral da AHRESP, a limitação dos horários não vai resolver os problemas e os jovens vão continuar a sair.
"Do nosso ponto de vista, alimentam os ajuntamentos, especialmente de jovens, em locais ou em sítios em que não há qualquer controle", disse, salientando que é "normal que se queiram juntar e conviver com amigos".
Apontando para as regras sanitárias, Ana Jacinto reiterou que é urgente abrir os bares e as discotecas, acrescentando que a associação já entregou ao Governo um guia de boas práticas, com normas específicas, para estes setores de atividade.
"Estes empresários poderão abrir com regras bem definidas e é isso que nós queremos, porque isso vai contribuir para a solução e não para fomentar o problema. Não é por estas medidas que os jovens não vão se juntar, vão encontrar sítios para se juntar -- sítios camuflados e, cada vez mais, encobertos", referiu.
Na segunda-feira, o Governo aprovou um diploma com medidas mais restritivas para a Área Metropolitana de Lisboa devido ao aumento dos casos de covid-19, que entrou hoje em vigor às 00:00, estabelecendo que quem desobedecer pode incorrer em crime de desobediência.
O crime de desobediência é punido no Código Penal com prisão até um ano ou 120 dias de multa.
Numa resolução aprovada na noite de segunda-feira e publicada no Diário da República, o Governo limita ainda a um máximo de 10 pessoas, salvo se pertencerem à mesma família, "o acesso, circulação ou permanência de pessoas em espaços frequentados pelo público, bem como as concentrações de pessoas na via pública" na Área Metropolitana de Lisboa (AML).
A venda de bebidas alcoólicas é também proibida "nas áreas de serviço ou nos postos de abastecimento de combustíveis" da AML.
O consumo de bebidas alcoólicas é ainda proibido "em espaços ao ar livre de acesso ao público", exceto nas esplanadas dos estabelecimentos de restauração e bebidas devidamente licenciados, que apenas se podem manter abertos até às 20:00.