Mais de 90% da energia de Macau vem de região chinesa que enfrenta crise
Mais de 90% da energia de Macau vem do Sul da China, país que enfrenta uma crise energética que já interrompeu a produção industrial em várias províncias, disse à Lusa fonte da Companhia de Eletricidade de Macau -- CEM.
© Lusa
Economia Energia
Apesar desta conjuntura, o preço da eletricidade não aumentou, não houve falhas de fornecimentos visíveis, nem avisos por parte das autoridades.
Em resposta à Lusa, a CEM frisou que os preços da energia em Macau permanecem inalterados há 20 anos.
Segundo a empresa de eletricidade, em 2020 foram importados da Rede Elétrica do Sul da China, representando 90,2% do consumo total de eletricidade de Macau, 6,9% do consumo é produzido localmente e os restantes 2,8% são provenientes do centro de incineração de resíduos.
Ainda de acordo com a CEM, a rede elétrica de Zhuhai, cidade chinesa da província de Guangdong que faz fronteira com Macau, está interligada com a rede elétrica do território, e a mistura de energia elétrica para Macau é despachada pela Rede Elétrica do Sul da China.
Segundo o acordo de cooperação elétrica assinado entre os dois locais, Macau recebe para consumo cerca de 40% de energia limpa da Rede Elétrica do Sul e esta "será ajustada em conformidade de acordo com a otimização do cabaz energético na região da Rede Elétrica do Sul".
Segundo relatos nos órgãos de comunicação social chineses, várias cidades da província de Guangdong (adjacente a Macau), um dos berços da indústria do gigante asiático, tiveram o fornecimento de eletricidade restringido durante quase uma semana, na semana passada.
A produção industrial esteve por isso parada durante várias horas nesses dias.
Na cidade de Houjie, a cerca de 85 quilómetros de Macau, que conta com mais de 20.000 fábricas, o departamento de Fornecimento de Eletricidade avisou, segundo relatos na imprensa chinesa, que "devido ao atual fornecimento apertado de eletricidade na província, a fim de assegurar o fornecimento ordenado de eletricidade, de acordo com o princípio de proteger a subsistência das pessoas, os serviços públicos, para proteger os pontos-chave, foi implementado o aviso de pico de fornecimento de eletricidade a empresas de elevado consumo de energia".
As restrições energéticas foram registadas em várias empresas e indústrias nas cidades de Foshan, Shantou e Jieyang.
A razão, de acordo com fonte próxima da rede elétrica de Guangdong, citada nos media chineses, é a escassez de energia, provocada pelo aumento do preço e da diminuição da oferta de carvão, que fez com que centrais térmicas deixassem de funcionar em plena capacidade.
O carvão, que é a fonte de energia mais poluente, continua a fornecer cerca de 60% da produção de eletricidade da China.
Nas últimas semanas, o país asiático enfrentou cortes de energia, que interromperam a produção industrial em várias províncias importantes.
Entre as razões apontadas para esses cortes estão a recuperação económica global, que pressiona as fábricas a aumentar a produção, os limites da produção de carvão impostos pelos objetivos para o clima e a existência de um preço regulado da eletricidade.
O Governo chinês anunciou recentemente uma desregulação parcial dos preços da eletricidade vendida aos fabricantes, numa altura em que a subida de preço do carvão tornou a produção de energia economicamente inviável para as empresas.
O país pediu ainda às minas de carvão que aumentem a produção diária, para um mínimo de 12 milhões de toneladas -- um valor recorde. Várias províncias chinesas têm também prosseguido com a construção de novas unidades fabris termoelétricas a carvão.
O Presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou, no entanto, no mês passado, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, os compromissos chineses para o clima: neutralidade carbónica "antes de 2060" e atingir o pico das emissões "antes de 2030".
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