"A UGT reafirma a necessidade de estabilidade política e governativa, com o reforço do diálogo interpartidário e com os parceiros sociais na concertação social, objetivando a aprovação de um Orçamento [do Estado] para 2022 que reflita as linhas mestras que a proposta rejeitada em novembro de 2021 continha", refere a central sindical em comunicado.
Sustentando que "a maioria absoluta do PS implica maior responsabilidade na procura de consensos e em diálogo social e político", a UGT garante que "não se furtará aos princípios pelos quais sempre norteou a sua ação sindical - proposição, compromisso e disponibilidade para negociar".
"Importa, por isso mesmo, saudar a eleição de vários dirigentes e ex-dirigentes da UGT para o próximo parlamento, o que traduz a forma disponível e propositiva como a UGT sempre encarou a sua ação ao serviço dos trabalhadores e a visibilidade daí decorrente que esta sua atitude conquistou junto dos principais atores políticos e partidários", afirma.
Neste âmbito, a central saúda "a disponibilidade do PS e do seu líder para discutir em sede de CPCS [Comissão Permanente de Concertação Social] um acordo sobre política de rendimentos, que inclua salários, mantenha a trajetória de crescimento do salário mínimo nacional, atualize pensões, introduza maior justiça fiscal no IRS e implemente as linhas de ação previstas no Pilar Europeu dos Direitos Sociais, aprovadas no Porto em maio de 2021".
"A UGT mantém a sua disponibilidade em aprofundar a discussão sobre a Agenda do Trabalho Digno, onde alterações à legislação laboral estavam previstas, bem como a necessidade de reagendar as matérias da conciliação entre a vida profissional, familiar e pessoal, o combate à precariedade e a dinamização da negociação coletiva e o investimento nas qualificações dos trabalhadores, como via para melhorar as condições de trabalho e de vida, bem como os fatores de competitividade para o crescimento da economia e a sustentabilidade das empresas", sustenta.
Para a central sindical, "a responsabilidade que recai agora sobre o PS deve ser galvanizadora da confiança que o país precisa para sair da crise pandémica [...], continuando a garantir a eficácia na resposta do Serviço Nacional de Saúde, a sua melhoria e a valorização dos seus recursos humanos, sempre com a perspetiva de responder aos anseios e às necessidades dos portugueses".
No comunicado hoje divulgado, a UGT saudou ainda o "civismo" e a "mobilização" dos portugueses no ato eleitoral de domingo, que se traduziram numa redução do nível da abstenção, e saudou também os partidos políticos que participaram nas eleições, e "de forma particular, o Partido Socialista, que foi o vencedor da noite eleitoral".
O PS alcançou a maioria absoluta nas legislativas de domingo e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD, numa eleição que consagrou o Chega como a terceira força política do parlamento.
Com 41,7% dos votos e 117 deputados no parlamento, quando estão ainda por atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração, António Costa alcança a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates em 2005.
O PSD ficou em segundo lugar, com 27,80% dos votos e 71 deputados, a que se somam mais cinco eleitos em coligações na Madeira e nos Açores, enquanto o Chega alcançou o terceiro lugar, com 7,15% e 12 deputados, a Iniciativa Liberal (IL) ficou em quarto, com 5% e oito deputados, e o Bloco de Esquerda em sexto, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU com 4,39% elegeu seis deputados, o PAN com 1,53% terá um deputado, e o Livre, com 1,28% também um deputado. O CDS-PP alcançou 1,61% dos votos, mas não elegeu qualquer parlamentar.
A abstenção desceu para os 42,04% depois nas legislativas de 2019 ter alcançado os 51,4%.
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