Guerra ameaça recuperação da indústria portuguesa da Madeira

A guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia terão um impacto nos custos para as empresas portuguesas, já que são dos principais exportadores de matéria-prima, admitiu hoje o presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal.

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Lusa
01/03/2022 19:34 ‧ 01/03/2022 por Lusa

Economia

Ucrânia/Rússia

"Ao nível do nosso setor, a Rússia exporta muita madeira para a Europa, tal como a Ucrânia e todos os países do Báltico. Se houver restrições à entrada, vai criar pressão na oferta e na procura de outros mercados. Por direta ou via indireta, há sempre um impacto no preço (...), já para não falar nas questões dos transportes, do risco, de mobilidade de pessoas", afirmou Vitor Poças à Agência Lusa, em Londres. 

Outro potencial problema será, acrescentou, se "as indústrias italianas que exportam para a Rússia passarem a estar constrangidas ou terem medidas restritivas para a exportação e poderem vir a fazer concorrência noutros mercados onde estão as empresas portuguesas".

"Tudo isto é uma bola de neve e ainda estamos longe de saber quais são os impactos", confiou. 

Poças falava no primeiro dia da feira dedicada ao setor construção Futurebuild, que decorre em Londres até quinta-feira. 

A Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal organizou um pavilhão com várias empresas, onde estão marcas como a Cicomol, Covema, CWFloors, Fibereco, Limalha, Listimber, MagnaNatura, Nogueira Fernandes, Ribadão Design e X8 Soluções.   

Segundo Poças, depois de uma queda das exportações em 2020 devido à pandemia covid-19, o setor já mostrou sinais de recuperação em 2021, apesar dos aumentos dos preços das matérias primas, energia e mão de obra. 

"O setor das indústrias de madeira e mobiliário é um caso de estudo positivo em Portugal. Cresceu 1.000 milhões de euros entre 2011 e 2019. Em 2021, apresentou um resultado histórico porque bateu o recorde alcançado em 2019 por mais um 1,6 milhões de euros acima daquilo que tinha em 2019", somando 2.587 milhões de euros, disse à Lusa. 

Antes chamada de Ecobuild, a Futurebuild atrai anualmente mais de 20.000 profissionais, desde construtores a arquitetos, engenheiros, consultores, empreiteiros e autarquias.

A organização abriu um concurso para identificar as melhores inovações para ajudar a travar as alterações climáticas e promover a neutralidade carbónica, The Big Innovation Pitch, seja promovendo a circularidade, reduzindo emissões ou propondo novas formas projetar e construir edifícios.

As inovações finalistas incluem materiais de isolamento para melhorar a eficiência térmica ou energética ou para reaproveitar a água da chuva para outros fins. 

Leia Também: Universidade da Madeira recebe "equipamento de topo" para investigação

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