O autocarro, que estacionou junto ao Largo da Mumadona, às 09:11, trazia sobretudo mulheres, adolescentes e três crianças de 3 anos, numa iniciativa da Câmara de Guimarães, através da Rede de Solidariedade, em articulação com a Comunidade Intermunicipal do Ave (CIM do Ave), que agrega oito municípios: Cabeceiras de Basto, Fafe, Guimarães, Mondim de Basto, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão e Vizela.
A maioria destes refugiados de guerra vai ficar em Guimarães, nomeadamente nas instalações cedidas pela Venerável Ordem Terceira de São Francisco, outros seguiram para Famalicão, enquanto um pequeno grupo foi para o Porto, Lisboa ou Algarve, onde tem familiares.
"Todos têm alojamento. A grande maioria vai ficar em casa de familiares ou amigos. Quem não tem alojamento a câmara disponibilizou. Todas essas questões foram acauteladas antes de se enviar o autocarro", afirmou a diretora-executiva da CIM do Ave.
Em declarações à agência Lusa e à Rádio Santiago, Marta Coutada explicou que os municípios de Guimarães e de Famalicão continuam a trabalhar no processo burocrático e logístico, para a integração destas pessoas na comunidade.
"Não só na questão da habitação, mas também agora no processo de reconhecimento do estatuto de refugiado, para que possam ter os apoios que estão previstos na lei. Além disso, vão também trabalhar as questões relacionadas com a integração das crianças na escola e a integração dos adultos no mercado de trabalho", salientou.
Marta Coutada adverte, contudo, tratar-se de um processo que leva o seu tempo, mas assegura que será prestado todo o apoio.
"Isto é um processo, não se faz tudo num dia ou em dois. Já está tudo devidamente planeado, as pessoas vão ficar devidamente acompanhadas e todas essas dimensões serão trabalhadas de forma cuidada", garantiu a diretora-executiva da CIM do Ave.
Marta Coutada admite que iniciativas semelhantes possam vir a realizar-se futuramente.
"Esta parceria alargada que junta os diferentes municípios do Ave, no âmbito da Comunidade Intermunicipal, continua a trabalhar no sentido de repetir estas missões sempre que se considere oportuno. Esta foi a primeira. Vamos agora fazer uma avaliação de como é que correu, porque há sempre pontos a melhorar. Iremos reunir, avaliar e preparar já as próximas missões humanitárias", sublinhou.
Esta iniciativa contou com o apoio da empresa Mundifios, ao assumir as despesas do autocarro, e ainda do Lions Clube de Guimarães.
Antes de rumar a Varsóvia para recolher estes refugiados, o autocarro, que saiu na sexta-feira de Guimarães, levou mantimentos e medicamentos até junto da fronteira entre a Polónia e a Ucrânia, em articulação com a comunidade ucraniana residente em Guimarães.
O autocarro descarregou os bens de primeira necessidade num armazém a cerca de 10 quilómetros da fronteira com a Ucrânia, no qual estavam três escuteiros voluntários ucranianos.
Um elemento da Proteção Civil da Câmara Municipal de Vieira do Minho, que acompanhou a viagem, contou como é que depois se processa a entrada destes bens na Ucrânia.
"Estas vilas mais pequenas são defendidas por milícias e por grupos armados. E, como em todo o lado há oportunismos, e na guerra também os há, o que nos foi informado é que, como a logística do Exército [ucraniano] está apenas concentrada nas grandes cidades, aqueles alimentos teriam de ser transportados para dentro [da Ucrânia] com algum transporte pago por alguém. À partida será por alguém que está no território da Ucrânia", explicou Hugo Quaresma.
Do número total de refugiados, mais de 1,4 milhões são crianças, segundo os números da UNICEF, e 157.000 são nacionais de outros países que fugiram da Ucrânia, disse a OIM.
A invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, desencadeou uma crise de refugiados de rápido crescimento que a ONU considera ser a mais grave na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).
Leia Também: “O Reino Unido está com o povo ucraniano”. Britânicos acolhem refugiados