Banco de Moçambique mantém nos 15,25% taxa de juro de política monetária
O Comité de Política Monetária de Moçambique (CPMO) anunciou hoje em comunicado a manutenção da taxa de juro nos 15,25% e justificou a decisão com "as perspetivas de desaceleração da inflação para um dígito no médio prazo".
© Lusa
Economia Moçambique
A taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, subiu dois pontos percentuais para 15,25% na reunião do CPMO de 30 de março passado.
As "perspetivas de desaceleração da inflação para um dígito no médio prazo" resultam "do abrandamento da procura externa e consequente desaceleração dos preços internacionais das mercadorias, num contexto de manutenção da estabilidade cambial", lê-se no comunicado do CPMO do Banco de Moçambique.
No entanto, em caso de agravamento dos riscos e incertezas associados às projeções de inflação, o CPMO não hesitará em aumentar a taxa MIMO para assegurar, no médio prazo, a inflação em um dígito", assegura-se no comunicado.
No curto prazo, prevê o CPMO, "antecipa-se a continuação do aumento dos preços, a refletir a repassagem dos elevados custos do petróleo e de alimentos no mercado internacional, para a economia doméstica".
"As perspetivas de inflação apontam para uma contínua aceleração no curto prazo e uma desaceleração no médio prazo", destaca o comunicado, salientando que em junho, a inflação anual acelerou para 10,8%, contra 9,3% em maio.
Esta aceleração refletiu "sobretudo, o aumento dos preços dos bens administrados, com destaque para os combustíveis e transportes".
"A inflação subjacente, que exclui os preços dos bens e serviços administrados e das frutas e vegetais, e que é influenciada pela política monetária, acelerou ligeiramente, a traduzir, essencialmente, a repassagem do aumento dos preços administrados para os de outros bens e serviços", acrescenta.
No médio prazo, o CPMO antevê a manutenção da inflação em um dígito, uma situação favorecida pela estabilidade da moeda moçambicana, o metical, e "pelo refreamento dos preços internacionais das mercadorias, em consequência do abrandamento da procura externa".
Todavia, alerta, "os riscos e incertezas associados às projeções de inflação continuam elevados".
"A nível interno, prevalecem incertezas em relação ao ajustamento dos preços dos bens administrados, com realce para os combustíveis e a magnitude do seu impacto sobre os preços de outros bens e serviços. A nível externo, mantêm-se as incertezas em relação ao prolongamento do conflito geopolítico entre a Rússia e a Ucrânia", destaca.
O CPMO mantém as perspetivas anteriores quanto à recuperação económica em 2022 e 2023, apesar do abrandamento da procura externa.
"Para o curto e médio prazo, mantêm-se as perspetivas de recuperação económica, sustentadas, principalmente, pela execução dos projetos energéticos em Inhambane e na bacia do Rovuma, e pelo início da exportação do gás liquefeito, num contexto de retoma do programa com o Fundo Monetário Internacional e de ajuda externa de outros parceiros de cooperação", adianta.
A próxima reunião ordinária do CPMO está agendada para o dia 15 de setembro.
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