"Tem havido muitas dificuldades a nível operacional. Até 2025 estão previstas realizar 50 inspeções fora da base, inspeções pesadas", afirmou João Carvalho, dirigente do Sindicato dos Engenheiros, Engenheiros Técnicos e Arquitetos (SNEET), na comissão de inquérito à TAP.
Segundo o sindicato, o recurso à contratação externa de serviços de manutenção, em níveis inéditos na história da companhia aérea, acarreta custos avultados para a empresa, uma vez que cada inspeção pode ir dos 200.000 euros, no caso de aviões recentes, até "um milhão ou mais", no caso de aviões mais antigos.
Desde 2020, segundo o SNEET, saíram da TAP 65 profissionais da área de manutenção e engenharia, entre as rescisões por mútuo acordo com a empresa, a não renovação de contratos a termo e saídas para outras empresas, nacionais ou estrangeiras.
"Efetivamente, o mercado do setor da aviação recuperou muito mais rápido [da pandemia] do que qualquer previsão mais otimista, o mercado nacional também atrai muitos engenheiros, um dos maiores fabricantes de aeronaves abriu uma sucursal aqui em Lisboa e, portanto, está a atrair muitos engenheiros da TAP, com salários mais elevados. Mas quando comparamos com os salários lá fora, são muitíssimo superiores", apontou o dirigente sindical.
Esta preocupação com a falta de mão de obra foi, de resto, transmitida numa reunião com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que, segundo o sindicato, se manifestou também preocupado com a manutenção e engenharia da TAP.
João Carvalho assinalou a "grande carência de técnicos de manutenção de aeronaves", bem como ao nível das instalações em Lisboa, que são de há cerca de 50 anos.
"[Em 1974] a TAP operava 20 e tal aviões, atualmente tem mais de 80 e obviamente que é impossível atender a todas as necessidades de manutenção naquelas instalações", realçou.
Para o SNEET, a "única forma de reter" profissionais desta área, será através da celebração de novos acordos de empresa, com melhores condições para os trabalhadores.
Questionado sobre o negócio de manutenção no Brasil, que resultou da compra de parte da Varig e que foi encerrado no ano passado, João Carvalho referiu que se trata de polo de manutenção que vai ser agora aproveitado pela United Airlines, uma vez que, ao contrário da TAP, não assumiu a dívida da Varig e vê uma oportunidade de negócio naquele local.
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