Esta estimativa, realizada num cenário de políticas invariantes, é uma revisão em baixa face ao crescimento de 2,4% previsto no relatório de setembro, mas continua ainda assim a ficar acima da meta do Governo, que inscreveu no Orçamento do Estado para 2025 um crescimento de 2,1%.
A aceleração em relação a 2024, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,9%, "deverá resultar do aumento da taxa de investimento, impulsionada sobretudo pelo reforço do investimento público, alicerçado na expectativa de uma maior taxa de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em face do ano precedente", explica o CFP.
Já para 2026 e 2027 "projeta-se um abrandamento no ritmo de crescimento do PIB real para 2,0% e 1,6%, respetivamente, convergindo, no médio prazo, para 1,8%".
A previsão para 2026 foi também revista em baixa face a setembro, quando o CFP apontava para um crescimento de 2,1% em 2026.
Para a inflação, o CFP projeta uma "redução gradual no crescimento do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), de 2,3% em 2025 para 2,0% no médio prazo".
A entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral ressalva ainda assim que estas projeções são realizadas num momento em que "o enquadramento económico está fortemente condicionado pelo contexto de elevada incerteza e pelos fatores de risco que circundam as políticas económicas e a geopolítica a nível mundial", a que se soma a incerteza associada à política comercial.
Saldo nulo este ano e regresso a défices em 2026
O CFP prevê ainda um saldo orçamental nulo para este ano e um regresso aos défices em 2026, devido a medidas de aumento da despesa pública, segundo as previsões divulgadas hoje, num cenário em políticas invariantes.
"Para 2025 projeta-se um saldo orçamental equilibrado (0,0% do PIB), embora a projeção seja sensível a alguns fatores como o grau de execução do investimento público, dos empréstimos Plano de Recuperação e Resiliência e evolução dos impostos diretos, em particular do IRS, e da utilização de mecanismos de contenção orçamental, pelo que não se pode excluir a possibilidade de um ligeiro excedente orçamental", indica o CFP.
Nestas Perspetivas Económicas e Orçamentais 2025-2029, a entidade aponta para o regresso a uma situação de défices orçamentais a partir de 2026, "na hipótese de manutenção das políticas em vigor".
A estimativa é de um défice de 1% do PIB em 2026 e para os anos seguintes até 2029 perspetiva-se uma estabilização do défice orçamental em torno de 0,6% do PIB.
Estes valores representam uma revisão face às projeções de setembro, devido à "incorporação na atual projeção do impacto orçamental de medidas de política económica de aumento da despesa pública e de redução da receita".
Entre as medidas destacam aquelas "dirigidas para a melhoria dos rendimentos das famílias, dos jovens, dos pensionistas e das empresas, aprovados no OE/2025 (Orçamento do Estado), e em legislação adicional aprovada até ao final da XVI legislatura, abrangendo a extensão das valorizações salariais a vários grupos profissionais da função pública".
Já o rácio da dívida deverá continuar a trajetória de redução, recuando em 9,5 pontos percentuais do PIB entre 2024 e 2029, para atingir 85,4% do PIB nesse ano.
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