O antigo vice-governador do Banco de Portugal, ex-ministro das Finanças, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos foi hoje recebido em audiência pelo Presidente da República, em representação de um grupo de economistas e gestores, promotores do manifesto Reconfiguração da Banca em Portugal -- Desafios e Linhas Vermelhas.
João Salgueiro enalteceu a necessidade de serem tomadas "a tempo" soluções para os problemas dos bancos nacionais, defendendo que essa tomada de decisão "tem de ser feita antes de entregar em mão" às instâncias europeias essa solução, e criticando nomeadamente a solução encontrada para o Banif.
"Porque o custo de entregar [às instâncias europeias] é muito grande", disse, precisando: "Podemos imaginar vários tipos de problemas que existem [na banca] que têm de ser resolvidos a tempo. É uma situação muito semelhante à da descolonização. Se não se encontram as soluções a tempo, vamos pagar o custo durante décadas".
Quanto à audiência com o Presidente da República, João Salgueiro considerou que Marcelo Rebelo de Sousa "está muito bem informado do que se passa".
Sobre o caso Banif, salientou ser "realmente importante" que os portugueses tomem consciência do que se está a passar e lembrou que a solução encontrada para o banco foi "pouco" explicada.
Para antigo ministro, Banco de Portugal, Governo e instâncias europeias têm posições "diferentes" sobre a solução encontrada para o Banif, o que considerou "estranho".
"Também os custos dizem que foram aqueles, mas podiam não ter sido. E a transparência não foi muito grande", acrescentou.
Quando questionado sobre a razão por que estes problemas acontecem em Portugal, João Salgueiro respondeu: "Porque nós somos distraídos", acrescentando ainda que a "opinião pública tem 80% de interesse pelo que se passa no futebol, 10% pelo resto do desporto e restam 10% para o resto dos problemas" do país.