"Trabalho com organizações da comunidade como o PALCUS, pequenas empresas, trabalhos individuais", disse à Lusa Angela Laines. Os projetos vão desde convites de casamento com motivos de azulejos tradicionais, logotipos para empresas ou t-shirts com o galo de Barcelos.
"Os meus pais são dos Açores, por isso é algo com que cresci a ver em casa", afirmou a designer. "É uma parte de mim, por isso, mesmo que o projeto não esteja relacionado especificamente com a cultura, está no que faço, está no nome da empresa".
Parte do seu trabalho tem servido organizações comunitárias sem fins lucrativos, algo que considera importante na sua identidade. "Senti que era uma ligação extra a uma comunidade da qual eu já fazia parte", afirmou a designer, que foi uma das constituintes do grupo Young Portuguese Americans.
"Quero que os meus designs transmitam uma conexão a algo. Gosto de pegar em algo simples e torná-lo em design", disse.
Os azulejos portugueses são uma das suas maiores inspirações e Laines também gosta da influência da filigrana e o visual do coração de Viana. Além disso, gosta de "trabalhar de forma diferente com as cores da bandeira, não apenas com o branco e azul do azulejo" e aprecia a combinação de elementos de forma subtil.
"Muitas pessoas querem algo que seja muito flagrante e outros são mais subtis", disse, referindo-se aos designs que são notoriamente portugueses por contraste com aqueles que apenas aludem à portugalidade. "Há um momento e um espaço para cada um desses".
Tal como tem acontecido com outras empresas luso-americanas, as restrições sociais impostas pela pandemia de covid-19 modificaram o negócio e baixaram o volume de encomendas. "Trabalho com o Museu de Tecnologia em São José e tudo abrandou porque não há eventos", exemplificou. "E as pessoas também - não estão a casar-se, não estão a fazer festas", notou.
A contrapartida é que "está a crescer a presença online" e a Silveira Designs tem trabalhado em projetos que surgiram por causa da interrupção dos eventos presenciais.
"Os aspetos visuais são muito importantes porque em tudo o que é memorável há sempre um simbolismo", disse a designer, mencionando o poder da história do galo de Barcelos e dos fatos dos ranchos folclóricos. "São como logotipos de diferentes pedaços de história que estão ligados à nossa cultura", descreveu, considerando que "é muito importante mantê-los porque têm essa correlação com a história ou com algo inspirado nela".
Estes elementos visuais ajudam a manter a ligação das novas gerações à cultura portuguesa, em concertação com as festas e os eventos em torno dos salões portugueses.
Apesar de reconhecer que houve um certo "desligamento" em relação a tradições anteriores, Laines sublinhou que outros aspetos dos novos luso-americanos estão a ser reforçados.
"Os salões que têm bandas mantêm uma forte audiência jovem", disse, e há outros fóruns, como os eventos organizados pelo comediante Taylor Amarante. "É a nossa versão das festas, ou só uma noite com música", disse, mencionando o encaminhamento dos lucros para causas nobres. "Há uma missão envolvida, mas estamos a fazer as nossas coisas. Ainda estamos muito ligados à cultura, da nossa própria forma".
Laines frisou também a adesão às Noites de Herança Portuguesa que são organizadas em instituições desportivas, como o clube de futebol San Jose Earthquakes. "Esse é um exemplo tangível de como estamos a promover a cultura com estes eventos, que podem ser diferentes do que as gerações anteriores fizeram".
Leia Também: Donna Karan teve Covid-19 e chegou a ser hospitalizada