"Não é possível sermos felizes se não tivermos uma saúde plena"

É na plenitude que está o ganho. A naturopata Diana Patrício explicou ao Lifestyle ao Minuto o que é preciso para se ter uma saúde plena.

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Daniela Costa Teixeira
28/07/2016 08:03 ‧ 28/07/2016 por Daniela Costa Teixeira

Lifestyle

Diana Patrício

‘Pare, escute e mude’. Este poderia ser um sinal como qualquer outro que existe para regulamentar o trânsito. Poderia ser uma chamada de atenção na paragem do autocarro. Um folheto publicitário a entrar na caixa do correio ou uma nota da diretora de turma na caderneta do filho. Mas não, este é o conselho que Diana Patrício dá aos portugueses no seu livro, editado pela Chá das Cinco.

Ao longo de mais de 300 páginas, a especialista revela tudo o que é preciso para se conseguir escutar o corpo e, com isso, ter uma melhor saúde. O lifestyle ao Minuto esteve à conversa a naturopata e revela-lhe como os sinais que o seu corpo dá são mais importantes do que pode pensar.

 

O livro que acaba de editar é como um manual de instruções para o corpo humano. As pessoas têm consciência de que devem tratar melhor a sua própria máquina?

Nem todas. Há muitas que não têm ainda essa consciência, mas acho que começam a ter agora cada vez mais. Acho que essa consciência está precisamente a expandir-se, mas, ainda assim, depois ficam ainda as dúvidas sobre o que fazer e é isso que eu encontro nas pessoas que me procuram. Há uma maior consciência e uma vontade de mudar, mas depois ficam um bocadinho perdidas sobre como abraçar essa mudança e o livro vem ajudar nesse sentido.

 

É fácil para uma pessoa saber quando deve parar, escutar e mudar?

Não. É difícil, principalmente porque as pessoas estão cada vez mais sobrecarregadas, porque têm uma rotina e cada vez têm menos tempo para olhar para elas próprias, para olhar para dentro. E muitas vezes porque há sinais que começam até por serem subtis - e é muito fácil distraídos nessa tal rotina – e acabam por ser desvalorizados, ou porque não se tem tempo, ou porque ‘já passa’. A pessoa acaba por não valorizar e os problemas de saúde vão-se aprofundando ao longo do tempo e, por isso, é que acho que é também importante levar esta mensagem às pessoas de darem mais tempo a elas próprias, de olharem mais para dentro delas próprias e ficarem mais despertas para sentir aquilo que o corpo pode estar a dizer sobre a saúde delas.

 

As pessoas têm uma perceção correta do que é ou não saudável?

Não. As pessoas começam agora a perceber que realmente é importante olhar para alimentação. Agora, saber o que é uma alimentação saudável é algo que muitas pessoas têm ainda muitas dúvidas e ainda há muitos mitos.

Já é mais facilmente aceite, neste momento, que as carnes podem estar por trás de uma série de doenças e as pessoas já compreendem, até porque saiu o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação às carnes vermelhas. Portanto, as pessoas já vão estando sensibilizadas, mas até que ponto isto tem um impacto grande, se calhar aí não estão totalmente conscientes e depois há ainda muito o hábito de consumir uma série de produtos processados – e eu vejo muito isso quando vou ao supermercado e olho para o que as pessoas estão a levar para casa. Ainda há muito consumo de processados, de bolachas, de fiambre e tudo isso é altamente prejudicial e acho que as pessoas estão ainda um bocadinho distraídas.

 

Nas suas primeiras páginas revela que tenta ajudar as pessoas a serem felizes. Como é que a naturopatia o consegue fazer?

Acho que não possível ser feliz se não tivermos uma saúde plena. Nós podemos não ter doença alguma, mas não termos saúde também. E é isso que eu vejo muitas vezes: as pessoas vêm aqui sem terem uma doença diagnosticada, mas no fundo a saúde delas não é plena e eu acredito que quando a nossa saúde não é plena é mais difícil sermos felizes, ou porque temos menos energia, ou não dormimos tão bem ou porque temos demasiado stress.

Estas pequenas coisinhas, que não são uma doença diagnosticada, influenciam o estado de bem-estar e de felicidade da pessoa e, para além disso, há uma questão que na medicina convencional não é tão abordada que é a ligação do ser humano à natureza, que, na minha opinião profissional e pessoal, é indispensável haver esta conexão e a felicidade passa um bocadinho também por isso. E infelizmente muitas pessoas não estão conectadas.

 

É fácil mostrar às pessoas que o problema que têm pode ser causa da má alimentação e que algumas mudanças na rotina diária pode ser a solução mais eficaz? Existe ainda algum ceticismo?

Há uns anos era mais difícil, agora não é tão difícil assim. O que é mais difícil à vezes é fazer com que as pessoas na prática consigam mudar. Mas as pessoas estão cada vez mais conscientes para esta relação da alimentação e da saúde, cada vez aceitam melhor este percurso, que tudo aquilo que nós comemos faz toda a diferença a nível de saúde e muitas doenças são realmente provocadas por maus hábitos na alimentação.

Mas às vezes há uma resistência, nós tentámos, na prática, mudar os hábitos da pessoa, porque vai ter que haver uma mudança, porque se calhar vai ter que comprar uma centrifugadora e beber sumos ao pequeno-almoço, mas, aos pouquinhos e nestes casos em que há alguma resistência maior, eu tento fazer pequenas mudanças. Eu prefiro que as pessoas mudem 10% e isso cause algum impacto, mesmo que não seja muito, do que não mudem nada. A consciência já lá está, mas acho que o maior trabalho por parte dos naturopatas é ensinar as pessoas e tentar discipliná-las.

 

Saúde, consciência e ética. Como é que estes três fatores estão ligados?

Eles já estão ligados, porque a saúde não passa apenas por escolhermos o melhor alimento para o nosso corpo, passa também por uma atitude de compaixão e respeito pelo todo, pelo planeta, porque de nada adianta sermos saudáveis se tivermos num planeta doente. Temos que cuidar de nós, mas também temos que cuidar do local onde vivemos e, por isso, tem que haver esta relação.

A questão do respeito e da compaixão fazem parte de uma esfera emocional saudável e não podemos ter um corpo saudável se emocionalmente formos desequilibrados. A saúde não passa só por um físico saudável, passa por vários planos saudáveis, o plano emocional, o plano mental e o plano físico e também ter a consciência daquilo que existe à nossa volta. Temos que cuidar de cada um destes aspetos.

 

Têm sido lançados vários livros acerca da alimentação e do impacto das nossas escolhas na saúde. Este livro vai mais além e chega mesmo a explicar como é feita a correlação entre o rosto e os órgãos, por exemplo. Com tanta informação (mais aquela que o Google tem), não se corre o risco das pessoas se tornarem nos seus próprios médicos?

Acho que não, acho que, por um lado, é uma mais-valia as pessoas poderem olhar para elas próprias e ouvirem os sinais do seu corpo. Colocar toda a responsabilidade da nossa saúde num médico nunca vai dar bom resultado, porque o médico é a pessoa que nos orienta, que nos ensina e que nos diz o que fazer, mas quem anda diariamente com o nosso corpo somos nós e, por isso, eu acho fundamental as pessoas terem conhecimento suficiente e saber que melhores escolhas podem fazer todos os dias para prevenir doenças e para viver com mais saúde.

E depois, obviamente, mesmo olhando para as imagens que coloco no livro e aprendendo alguns sinais do próprio corpo, a pessoa não vai com isso conseguir fazer uma análise profunda, no fundo fica com uma ideia que de que algo que se passa e que, com isso, deve procurar um profissional que possa ajudar. Não acho que haja risco, acho que há uma vantagem as pessoas terem esse conhecimento.

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