A EyeFundusScope, que integra a Fundus Camera (ou retinógrafo, em português), é uma tecnologia "portátil e de simples utilização", que funciona como uma máquina fotográfica e possibilita a observação e a identificação das estruturas presentes no fundo ocular, como a retina, os vasos sanguíneos e o disco ótico, explicou o investigador David Melo, da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, responsável pelo seu desenvolvimento.
A EyeFundusScope, segundo indicou, pode ser instalada nos 'smartphones' e permite tirar uma fotografia de uma "vasta área da retina", com uma "boa resolução", não necessitando de dilatação da pupila.
Com as fotografias obtidas é possível diagnosticar doenças como a retinopatia diabética, que é originada pela diabetes mellitus, "a principal causa de cegueira no mundo, em adultos entre os 20 e os 64 anos", disse à Lusa o investigador.
Esta tecnologia tem com "um baixo custo de produção", conseguido através da utilização de um conjunto de lentes simples, e um campo de visão superior em relação aos aparelhos idênticos, podendo ser utilizado também nas áreas da neurologia e da cardiologia.
Com a EyeFundusScope, pretende-se chegar a uma população mais alargada, tipicamente isolada e com ausência de especialistas em oftalmologia, contou.
A telemedicina "é um dos campos da medicina em maior expansão na atualidade", disse David Melo, salientando que o EyeFundusScope pode ser utilizado por indivíduos sem qualquer tipo de experiência na área da oftalmologia ou ortóptica.
"É contemplada a recolha de fotografias do fundo ocular através de uma aplicação do smartphone, a partilha das mesmas com o médico, uma eventual apreciação e a comunicação ao paciente", acrescentou.
Até ao momento foi desenvolvido um protótipo da tecnologia, que, segundo os testes em laboratório, cumpre as regulamentações da Organização Internacional para a Padronização (ISO) para dispositivos oculares.
No entanto, antes de ser colocado no mercado, será necessário um conjunto de melhoramentos e a certificação como dispositivo médico, da responsabilidade da empresa que venha a ser disponibilizar a tecnologia.
O EyeFundusScope é um dos 14 projetos criados por alunos de diferentes faculdades com o apoio do centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS, sediado no Porto, no âmbito de uma iniciativa anual que lhes permite desenvolver o seu trabalho orientado para a criação de soluções práticas que contribuem para a qualidade de vida da população.
Para além de David Melo, participaram no projeto Filipe Soares e João Costa, do Fraunhofer Portugal AICOS, e Pedro Vieira, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa.