Começamos o dia com mensagens encorajadoras entre mulheres e mesmo homens que nos felicitam pelo dia. ‘Viva as mulheres’, ‘que orgulho é ser mulher’ ou ‘somos capazes de tudo’ são exemplos de mensagens que surgem hoje pelas redes sociais, acompanhadas de flores e presentes - não fossem as marcas aproveitar o dia para apelar ao consumo disfarçado de um ‘mais do que nunca, hoje você merece mimar-se’.
Mas a par do consumismo e palavras que celebram o ser mulher, importa não esquecer o motivo porque este dia existe no calendário internacional (e que justifica o porquê de não se existir um ‘Dia Internacional do Homem’, que não sente a desigualdade de direitos por que o sexo feminino ainda luta nos dias de hoje).
Foi em 1857, em Nova Iorque, que um grupo de mulheres se revoltou contra a desigualdade de direitos laborais, conta o El Confidencial. Ainda que não haja registos nos media desta altura, foi a data apontada (e internacionalizada) pela ONU para assinalar o feito.
Para agora, “acabar com a desigualdade é um dos objetivos do desenvolvimento sustentável” que a Organização das Nações Unidas estabeleceu em 2015, para se atingir até 2030, apontando a sua importância não só por ser um direito humano básico, como um fator essencial para o desenvolvimento sustentável da sociedade.
As ações #MeToo e Time’s Up de que se fala atualmente são prova de que ainda estamos longe de atingir esta igualdade, apesar da forma como hoje celebramos o dia. Conta a Plataforma Portugueses para os Direitos das Mulheres que “uma em cada cinco mulheres foi alvo de violência física e/ou sexual em relações de intimidade nos últimos 12 meses” e que 95% das vítimas traficadas para fins de exploração sexual são mulheres”, segundo aponta o relatório europeu de progresso sobre o combate ao tráfico de seres humanos.
A par das estatísticas dos dados mundiais, o caso em Portugal também não é completamente favorável. Segundo a referida plataforma, em termos de salário uma mulher recebe em média menos 16,7% que um homem nas mesmas funções, uma diferença que aumenta para 26,4% no caso dos quadros superiores. Também o nível de desemprego é maior no sexo feminino o que afeta a taxa de risco de pobreza nas mulheres, que é 1,4% superior à do homem.
Outro dado apresentado pela mesma plataforma salienta ainda os dados de 2016, sobre os quais refere que “mais de duas mulheres por dia apresentaram queixa por crime de natureza sexual à polícia”.