"Mergulho em caverna é dos mais difíceis, principal risco é o pânico"

Comandante de uma unidade de mergulhadores da Marinha explica ao Notícias ao Minuto os desafios que enfrentam os profissionais que tentam resgatar as 12 crianças e o seu treinador da gruta, onde estão presos desde 23 de junho.

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© Facebook/Thai NavySEAL

Anabela de Sousa Dantas
03/07/2018 18:58 ‧ 03/07/2018 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo

Tailândia

Embora tenham sido encontradas com vida, e sem ferimentos de maior gravidade, as 12 crianças e o seu treinador, presos há dez dias, ainda não ultrapassaram todas as provações. Falta sair daquele extenso complexo de grutas inundado e lamacento que não dá sinal de tréguas, uma tarefa desafiante até para profissionais.

O tenente Oliveira, comandante de uma das três unidades de mergulhadores da Marinha, explica ao Notícias ao Minuto que o "mergulho em caverna é dos mergulhos mais difíceis, mesmo para quem tem experiência, é um mergulho bastante técnico".

"A simples atividade de mergulhar já acarreta os seus riscos, quando falamos em mergulhar sem visibilidade, em espaços confinados, em que há apenas uma entrada e uma saída, todo o risco aumenta exponencialmente", acrescenta o profissional.

As autoridades presentes nas grutas de Tham Luang, situadas na província tailandesa de Chiang Rai, estimam que as crianças tenham percorrido cerca de dois quilómetros de caverna e estejam entre 800 metros e um quilómetro abaixo da superfície. Estarão a quatro quilómetros da entrada da caverna.

As hipóteses equacionadas pelos vários meios (tailendeses e internacionais) são duas: ensinar as crianças a mergulhar para sair por essa via ou esperar que passe o período de monção e que baixe o nível das águas, uma hipótese que obrigará aquelas 13 pessoas a ficar ainda várias semanas na caverna. As duas hipóteses acarretam riscos.

Notícias ao MinutoFamiliar segura imagem das crianças. São as primeiras imagens que os pais veem dos filhos após as notícias do desaparecimento.© Twitter

"Mais do que ensinar a mergulhar, é dar-lhes algum adestramento para que quando eles vistam o equipamento não seja totalmente novidade. Claro que nunca vão conseguir ensiná-los a mergulhar em meia dúzia de dias", indica o tenente Oliveira, acrescentando que os profissionais no local "vão ter um desafio enorme", mesmo sendo pessoas "com muita experiência".

"Os principais riscos para as crianças é o pânico, sentirem claustrofobia, por não verem nada e ainda por cima saberem que estão dentro de água... o psicológico é muito importante mas também existe a questão física", explicou o mesmo responsável, sublinhando que "qualquer atividade de mergulho requer preparação física".

Ainda assim, a esperança deve manter-se. "Já vimos imensos casos em que o ser humano é capaz da maior superação quando busca a vida. Devemos ter sempre a esperança e acreditar, mas é uma tarefa bastante desafiante, sim", assevera.

Sobre o tempo que demorará o resgate daquelas crianças, o profissional diz não ser possível fazer uma previsão, uma vez que não está na posse de todas as variáveis, e relembra que as autoridades competentes ainda estão a fazer essa leitura. Porém, não descarta a hipótese de que as crianças e o seu treinador fiquem lá mais tempo. "Eles próprios não sabem ainda se aquela zona é uma segura para os manter lá durante este tempo. Se for, claro, é uma opção", terminou.

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