Jornalista turco acusado de "terrorismo" detido na Roménia

Um jornalista turco suspeito de ligações a Fethullah Gülen, o clérigo que se exilou nos Estados Unidos e acusado pela Turquia de ter orquestrado o falhado golpe de 2016, foi hoje temporariamente detido na Roménia, referiram as autoridades.

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Lusa
05/12/2018 18:18 ‧ 05/12/2018 por Lusa

Mundo

Turquia

A procuradora de Bucareste, Viviana Ciuca, referiu à agência noticiosa Associated Press (AP) que Kamil Demirkaya foi detido na base de um pedido de extradição da Turquia por ser "membro de um grupo terrorista e criminal".

O jornal Zaman Romania disse que o seu jornalista foi detido "por ordem" do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan. Demirkaya compareceu no tribunal e a sua libertação está dependente de uma decisão judicial.

O caso é delicado para a Roménia, que assume em 01 de janeiro a presidência semestral rotativa da União Europeia (UE).

Demirkaya negou as acusações de terrorismo e referiu exercer a profissão de professor na Turquia e no estrangeiro durante 11 anos, e trabalhar há 11 anos como jornalista.

"Não me recordo de ter morto sequer uma mosca ou uma formiga", disse ao canal televisivo Digi24.

"Infelizmente, sou acusado de terrorismo", disse ainda o jornalista, referindo que as autoridades romenas seguiram os procedimentos legais na sequência do pedido turco sobre a sua extradição.

A publicação Zaman na Turquia foi encerrada pelo Governo na sequência do fracassado golpe militar de julho de 2016, e Gülen tem negado insistentemente qualquer envolvimento.

O Zaman, crítico de Erdogan e com ligações ao movimento 'gulenista', tem agora edições na Roménia e Bulgária. O Zaman Romania disse que Demirkaya viveu na Roménia durante dois anos com a sua mulher e filho e "escrevendo sobre os abusos de poder em Ancara".

Cristian Preda, um eurodeputado independente romeno, apelou ao ministro da Justiça para travar o processo de extradição, referindo que a Roménia mantém "compromissos internacionais para não extraditar cidadãos para países onde os direitos humanos estão em risco".

"A Turquia inclui-se entre esses países", referiu Preda numa declaração, acrescentando que caso o Governo de Bucareste se decida pela extradição "será censurado em toda a União Europeia".

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