Associações gregas denunciam discriminação e aumento de ataques racistas

Diversas associações e dirigentes políticos reuniram-se hoje no centro de Atenas para celebrar o Dia internacional da eliminação da discriminação racial e alertar para a o reforço da extrema-direita e da violência xenófoba que se tem agravado na Grécia.

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Lusa
21/03/2019 16:39 ‧ 21/03/2019 por Lusa

Mundo

Atenas

Cerca de 50 associações, encabeçadas pelo Fórum Grego de Imigrantes, concentraram-se na Praça Sintagma, no centro da capital grega e frente ao parlamento, numa iniciativa contra a rejeição dos migrantes, a discriminação dos "outros" e o racismo.

No decurso da concentração foi lido um manifesto em que se pede a todas as forças políticas que, em ano de legislativas na Grécia e de eleições europeias, enfrentem sem reservas a extrema-direita em toda a Europa.

O ministro das Migrações, Dimitris Vistas, condenou os recentes ataques contra refugiados e migrantes em vários pontos do país, e assegurou que estas agressões demonstram que o racismo sobrevive porque "é cultivado" por forças que extraem o seu poder do silêncio ou da tolerância de alguns setores da sociedade.

O antídoto, disse, consiste em responder a este fenómeno com a "palavra" e uma "frente ampla de solidariedade".

Vistas prometeu que o Governo não tolerará nenhuma expressão de xenofobia e discriminação, nem nenhuma tentativa de "envenenar a sociedade com ódio".

Na passada sexta-feira, cerca de 100 refugiados, incluindo várias crianças, foram atacados com paus e pedras por um grupo de 70 vizinhos que pretendiam evitar que habitassem num hotel disponibilizado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) na localidade de Vilia, a cerca de 55 quilómetros de Atenas.

Estas famílias, transferidas desde as ilhas do Egeu devido à sua particular vulnerabilidade, continuam a viver no hotel apesar da violenta receção à sua chegada.

No domingo, nove menores refugiados e migrantes não acompanhados afegãos foram atacados por um grupo de encapuzados quando jogavam basquetebol em Konitsa, uma cidade perto da fronteira com a Albânia, a primeira da região do Epiro onde se instalaram refugiados.

Duas das vítimas tiveram de ser assistidas, uma com fraturas nas mãos e pés, e a segunda por ter ficado em estado de choque, referiu a agência noticiosa Efe.

O Conselho grego para os refugiados denunciou que um dos seus intérpretes foi brutalmente atacado na segunda-feira por um grupo de oito encapuzados, que o golpearam por todo o corpo com uma barra de ferro.

A vítima conseguiu escapar e chamar a polícia e uma ambulância, assinalou o Conselho em comunicado, onde sublinhou que "o racismo e a intolerância não representam a totalidade da sociedade grega, grande parte da qual demonstrou e continua a demonstrar solidariedade" com os refugiados.

As manifestações de violência não têm tido apenas origem em grupos de cidadãos mas também tem sido registado um crescente abuso pelas forças policias gregas, com um aumento das denúncias e das investigações sobre diversos incidentes.

Ainda na segunda-feira, um migrante queniano de 20 anos foi detido frente ao gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), espancado e detido durante um dia sem que fosse informado de eventuais acusações.

Um outro exemplo de manifestação racista, apesar de não violenta, consistiu na greve durante duas semanas numa escola e que abrangeu mais de dois terços dos alunos de uma escola da ilha de Samos, para evitar que as crianças gregas partilhassem instalações, apesar de em horários distintos, com 14 menores refugiados.

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