Jair Bolsonaro, disse esta quarta-feira que as queimadas e desflorestação não devem acabar, pois são culturais. "Você não vai acabar com o desmatamento [desflorestação] nem com as queimadas. É cultural", comentou, à saída do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente brasileiro.
A declaração respondeu a perguntas dois dias depois de o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão público que monitoriza a perda de vegetação através de medições por satélites, informar que a desflorestação da Amazónia brasileira registou um aumento de 29,5%, entre agosto de 2018 e julho de 2019, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O INPE informou que, no período, a maior floresta tropical do mundo perdeu 9.762 quilómetros quadrados da sua cobertura vegetal, atingindo o maior nível de desflorestação registados no país desde 2008.
Os números divulgados são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazónia Legal por Satélite (Prodes), que calcula a perda de vegetação usando satélites e é considerado o mais preciso para medir as taxas anuais.
"Eu vi a Marina Silva criticando anteontem. No período dela, tivemos a maior quantidade de ilícitos na região amazónica", acrescentou Jair Bolsonaro, embora não tenha apresentado dados que comprovem a afirmação.
Marina Silva, candidata à Presidência do Brasil nas anteriores presidenciais, foi ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008.
Durante a sua gestão registou-se 27.772 quilómetros quadrados de desflorestação da Amazónia, em 2004, porém, o Ministério do Meio Ambiente apoiou o monitoramento por satélite e aumentou o efetivo de agentes de fiscalização, política que fez a taxa de destruição da floresta regredir 80% até 2012, quando voltou a subir novamente.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).