"No sábado, os 'mujahidines' realizaram um ataque (...) contra uma coluna de mercenários turcos e milicianos apóstatas que os escoltavam", declarou o porta-voz dos insurgentes islâmicos somalis 'shebab', Ali Mohamud Rage, numa mensagem áudio.
Na mesma mensagem, e pela primeira vez, o Al-Shabaab pediu desculpa pelas vítimas civis provocadas pelo ataque, argumentando, no entanto, que a ação foi necessária no âmbito da luta contra o Estado somali e contra os seus apoiantes estrangeiros.
"Estamos verdadeiramente consternados com as perdas infligidas à nossa sociedade muçulmana somali e oferecemos as nossas condolências aos muçulmanos que perderam as suas vidas, ficaram feridos ou viram as suas propriedades destruídas", referiu o mesmo porta-voz, declarando, no entanto, e perante as circunstâncias do ataque, que terá sido "vontade de Deus" que existissem baixas civis.
O ataque terrorista de sábado foi o mais mortífero na Somália desde outubro de 2017, provocando, pelo menos, 92 mortos e 125 feridos, de acordo com dados do hospital de Mogadíscio avançados às agências internacionais, ainda que o Governo somali mantenha o número de mortes em 81.
Entre os mortos no atentado figuram pelo menos 16 estudantes da universidade privada de Banadir, cujo autocarro passava no posto de controlo na altura da explosão.
Na lista de vítimas também constam dois engenheiros de nacionalidade turca.
Os 'shebab' não reivindicam geralmente ataques que façam muitas vítimas entre a população civil, por medo de perderem o apoio que ainda detêm entre alguns somalis.
Com ligações à Al-Qaida, e no âmbito de uma insurreição que tem como alvo o Governo somali apoiado pela comunidade internacional, os 'shebab' realizam regularmente atentados com veículos armadilhados e outro tipo de ações em Mogadíscio.
A Somália vive em estado de conflito e caos desde 1991, quando foi derrubado o ditador Mohamed Siad Barré, o que deixou o país sem governo efetivo e nas mãos de milícias islamitas e senhores da guerra.