O alerta faz parte de uma análise feita por especialistas do Centro de Ciência Betty e Gordon Moore, em Arligton, nos Estados Unidos, e da Universidade de Guelph, em Ontário, Canadá, divulgado na revista científica PLOS ONE.
Os especialistas explicam que, à medida que a Terra aquece, algumas regiões em altitudes e latitudes mais altas podem tornar-se mais adequadas para a agricultura, o que potencialmente ajuda a alimentar uma população global em crescimento.
Num mundo em aquecimento, o norte do Canadá pode tornar-se o celeiro do futuro, dentro de meio século, segundo Krishna Bahadur, da Universidade. A Rússia é outro dos países com muitas novas terras para agricultura.
Mas a mudança também acarreta ameaças para a vida selvagem, para os recursos hídricos e para outros fatores ambientais.
Na análise, que incorporou previsões de 17 modelos climáticos globais, fez-se uma avaliação para diferentes regiões para 12 culturas principais, entre as quais o milho, o açúcar e o algodão.
A conclusão é que aumenta a quantidade de terra adequada para as principais culturas em mais de 30%, principalmente nas latitudes mais altas do hemisfério norte e nas montanhas. Mas, conclui-se também, o cultivo dessas regiões pode poluir os recursos hídricos a jusante, que abastecem 1,8 mil milhões de pessoas, diminuir a biodiversidade nas montanhas tropicais e afetar quase duas dezenas de lugares por excelência de diversidade global e habitats críticos de aves.
Os responsáveis do estudo acrescentam que o cultivo dessas regiões tem o potencial de libertar até 177 gigatoneladas de carbono armazenadas naturalmente em solos. É o equivalente a mais de 100 anos de emissões ao nível atual de dióxido de carbono dos Estados Unidos.
"Num mundo em aquecimento, haverá novas oportunidades e desafios a norte. Este trabalho destaca como devemos abordar a ideia de desenvolver novas terras agrícolas com muito cuidado, e estar muito atentos aos possíveis impactos ambientais negativos", destacam os autores.