"O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é algo novo: todo regime autoritário, em sua ânsia pelo poder, precisa fabricar inimigos internos para justificar perseguições, censuras e prisões arbitrárias", afirmou o ex-Presidente em mensagem nas redes sociais.
Para Bolsonaro, "é assim na Venezuela, onde Chávez e Maduro acusavam oposicionistas de golpistas. É assim na Nicarágua, em Cuba e na Bolívia. É assim em todo o mundo".
"A cartilha é conhecida: fabricam acusações vagas, se dizem preocupados com a democracia ou com a soberania, e perseguem opositores, silenciam vozes dissidentes e concentram poder", acrescentou.
Bolsonaro considerou que o mundo observa o que acontece no Brasil e encerrou a sua mensagem afirmando que "a liberdade triunfará mais uma vez".
Até agora, o ex-chefe de Estado só tinha reagido através do seu advogado Paulo Cunha Bueno, numa nota na qual qualificou a denúncia de "inepta", "incoerente" e "fantasiosa".
O ex-Presidente e outras 33 pessoas foram pronunciados pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o património público e deterioração de património numa petição enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Procurador-Geral da República (PGR) brasileiro, Paulo Gonet Branco.
De acordo com a acusação, Bolsonaro e o general reformado e ex-candidato à vice-presidência Walter Braga Netto seriam os líderes de um alegado grupo criminoso que agiu com aliados civis e militares, tentando impedir, de forma coordenada, que o resultado das eleições de 2022, vencidas pelo atual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, fosse cumprido.
Os arguidos teriam também formulado um plano "em que se admitia até mesmo a morte do Presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] e do vice-presidente [Geraldo Alckmin] da República eleitos", bem como "a morte de juízes do STF", que foi levado ao conhecimento do ex-Presidente "que a ele anuiu", de acordo com o PGR.
O chefe do Ministério Público brasileiro afirmou ainda que os denunciados incentivaram os ataques de 08 de janeiro de 2023, quando milhares de extremistas invadiram e vandalizaram as sedes do Congresso, do STF e o Palácio do Planalto, em Brasília.
"O episódio foi fomentado e facilitado pela organização denunciada, que, assim, por mais essa causa, deve ser responsabilizada por promover atos atentatórios à ordem democrática, com vistas a romper a ordem constitucional, impedir o funcionamento dos Poderes, em rebeldia contra o Estado de Direito Democrático", concluiu Gonet Branco.
O Supremo Tribunal Federal brasileiro informou hoje que já notificou o ex-Presidente e os outros envolvidos no caso, mas ainda deve decidir se aceita ou não as acusações apresentadas pelo PGR brasileiro.
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