"Esta é a primeira manhã em que posso sair à rua sem medo de ser morto por uma bomba ou num ataque suicida", declarou um motorista de táxi em Cabul. "Espero que isto continue sempre", disse Habib Ullah.
A trégua que pretende "reduzir a violência" teve início à meia noite de sábado (19h30 de sexta-feira em Lisboa).
De acordo com um relatório da missão de assistência da ONU no Afeganistão, mais de 100 mil civis foram mortos ou feridos nos últimos dez anos, desde que as Nações Unidas começaram a contabilizar as vítimas de uma guerra que se prolonga há 18 anos.
"Quase nenhum civil afegão deixou de ser afetado de alguma forma pela constante violência", disse o representante especial do secretário-geral da ONU para o Afeganistão, Tadamichi Yamamoto.
"É absolutamente imperativo para todas as partes aproveitar este momento para pôr fim à violência", acrescentou.
Na sexta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, anunciou que um acordo vai ser assinado com os talibãs, provavelmente em 29 de fevereiro, desde que seja cumprida uma semana de trégua e redução da violência no Afeganistão.
Os talibãs tinham anunciado no início desta semana ter chegado a um acordo com os Estados Unidos para assinar um tratado que colocará fim a quase duas décadas de conflito no Afeganistão.
Os talibãs indicaram que este acordo inclui a possibilidade de negociações diretas entre os afegãos, que o movimento rebelde tinha até agora recusado, e conduzirá a um tratado permanente de paz, que termina uma guerra que remonta a 2001 e que se tornou o mais longo conflito militar em que os Estados Unidos estiveram envolvidos.
O acordo contempla ainda a retirada gradual das tropas norte-americanas e a libertação de cerca de metade dos talibãs que tinham sido feitos prisioneiros pelas forças fiéis ao regime afegão.
Os talibãs dizem que o primeiro passo desta nova fase passará pela libertação pelo governo de Cabul de cinco mil dos cerca de 11.000 elementos do movimento que se encontram presos.
Em troca, os talibãs comprometem-se a libertar cerca de mil prisioneiros das forças afegãs.