Conselheiro da Casa Branca desmente desentendimentos com Trump

O principal conselheiro da Casa Branca na luta contra a pandemia de covid-19, Anthony Fauci, desmentiu hoje que haja algum desentendimento com o Presidente dos EUA, Donald Trump, contrariando o que tem sido noticiado pelos 'media'.

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© Getty Images

Lusa
12/05/2020 19:14 ‧ 12/05/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

Numa videoconferência com senadores, sobre a estratégia de luta contra a pandemia de covid-19, Anthony Fauci começou por alertar para os riscos de uma abertura demasiado rápida da economia norte-americana, que tem sido pedida por Trump.

Nas últimas semanas, Fauci fez também alguns comentários que nem sempre coincidiam com as posições da Casa Branca, levando os 'media' a levantar a hipótese de haver sérias divergências entre o Presidente e o seu principal conselheiro para a pandemia.

O rumor subiu de tom, na passada semana, quando Trump admitiu acabar com o gabinete de crise para a pandemia, onde Fauci tem um papel central.

Contudo, hoje, na videoconferência em que respondeu a vários senadores, Fauci desmentiu qualquer desavença com o Presidente.

"Não há uma relação de confronto entre mim e o Presidente Trump. Ele ouve opiniões de várias pessoas e nem sempre concorda com elas. Mas nunca houve um relacionamento confrontacional entre mim e o Presidente", explicou Fauci.

Minutos antes, questionado por senadores democratas (opositores do Governo do Presidente Donald Trump) sobre a falta de diretrizes para o fim do confinamento, o diretor do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC), Robert Redfield, disse que a sua agência irá disponibilizar "em breve" as linhas orientadoras para a nova fase de combate à pandemia de covid-19.

"Se os Estados contactarem o CDC já poderão receber diretrizes específicas. Mas, em breve, no portal da agência, serão colocadas as diretrizes gerais" para a reabertura da economia, disse Redfield.

Também o diretor do CDC desmentiu qualquer falha nos esforços concertados entre a Casa Branca e as principais agências sanitárias, no combate à pandemia de covid-19.

Anthony Fauci e Robert Redfield estiveram ainda ao lado de Stephen Hahn, comissário da agência de alimentos e medicamentos (FDA, na sigla em inglês), numa sessão que durou várias horas e em que os três especialistas mostraram estar em consonância com os receios da propagação do novo coronavírus, no momento em que vários estados norte-americanos entram na fase de fim de confinamento.

Fauci disse que os Estados Unidos estão no bom caminho, mas que a pandemia está longe de estar controlada, sobretudo porque continuam a existir focos em diferentes cidades, como Nova Iorque.

Fauci disse, contudo, que estima que dificilmente se chegará ao número de 200.000 novos casos de contágio diários, que um recente relatório do CDC estimava como cenário possível.

"Eu penso que a curva está a achatar. Julgo que esses números não deverão ocorrer em junho", disse Fauci, contrariando os números da agência federal.

Na videoconferência com senadores, o "czar dos testes" dos EUA, Brett Giroir, disse que os Estados Unidos poderão realizar entre 40 a 50 milhões de testes por mês, ainda antes de setembro, o que resulta entre 1,3 e 1,7 milhões de testes por dia.

"Se tal for preciso, naturalmente", acrescentou Robert Redfield, dizendo que continua a acreditar que os números de propagação do novo coronavírus podem não justificar um tão elevado número de testes.

Uma equipa de investigadores da Universidade de Harvard disse que seria necessário ainda esta semana ter um regime de mais de 900.000 testes diários, para se poder proceder a uma reabertura segura da economia.

Logo na abertura da sessão com senadores, Anthony Fauci alertou o Congresso de que, se o país reabrir demasiado cedo, a propagação do novo coronavírus provocará "sofrimento e morte desnecessários".

"Se saltarmos as etapas das recomendações, para reabrir a América, corremos o risco de surtos de contágio em todo o país", explicou o especialista, que tem marcado presença assídua nos 'briefings' da Casa Branca sobre a pandemia.

"Isso não apenas causará morte e sofrimento desnecessários, mas também atrasará a nossa tentativa de voltar ao normal", disse o imunologista de 79 anos.

Perante o comité, Fauci falou ainda dos esforços que estão a ser desenvolvidos, com o apoio do Governo dos EUA, para encontrar uma nova vacina, e mostrou-se otimista.

"Temos muitos candidatos e esperamos ter muitos vencedores", explicou o imunologista.

Contudo, o especialista disse aos senadores que não se podem ter garantias: "A grande incógnita é se são eficazes".

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 286 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, vários países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.

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