"Seis detidos e oito guardas prisionais ficaram feridos em confrontos na prisão de Camana" (830 quilómetros ao sul de Lima), informou a administração da prisão num comunicado.
Os confrontos começaram na noite de segunda-feira e os guardas recuperaram logo de seguida o controlo do estabelecimento prisional.
O motim começou com a tomada de cinco reféns entre o pessoal de segurança, ocorrendo a queima de colchões e a destruição de objetos.
Os presos exigiram a presença dos serviços do defensor do povo, responsável pela proteção dos direitos humanos no Peru, e a assistência de médicos dentro da prisão.
Segundo as autoridades, nenhum caso do novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, foi até agora detetado na prisão de Camana.
Esta prisão, na região de Arequipa, abriga 450 pessoas e tem capacidade limitada apenas a 78, segundo os serviços do Defensor do povo.
Nas prisões sobrelotadas do Peru, pelo menos 30 prisioneiros morreram da doença covid-19 e mais de 645 foram infetados com o novo coronavírus, disseram as autoridades. Ao mesmo tempo, 224 guardas testaram positivo, sete dos quais morreram.
O Peru é o segundo país mais afetado pelo novo coronavírus na América Latina em número de casos após o Brasil, com 94.933 casos confirmados e 2.789 mortes, segundo os mais recentes dados.
O Governo peruano anunciou em 23 de abril que perdoaria cerca de 3.000 presos vulneráveis ao novo coronavírus em algumas das 68 prisões do país. Segundo o Ministério da Justiça, essas 68 prisões acomodam 97.000 prisioneiros, 50.000 a mais do que a sua capacidade.
O medo do vírus já levou a vários motins nas prisões peruanas.
O mais grave resultou na morte de nove detidos no final de abril, com 67 feridos entre prisioneiros, guardas prisionais e polícias, na prisão de Miguel Castro Castro, a leste de Lima, que abriga 5.500 presos, mas que tem capacidade para 1.140.
Em toda a América Latina, a situação já explosiva nas prisões violentas e sobrelotadas tornou-se insustentável com o surgimento do novo coronavírus, causando fugas e motins.
No início de maio, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou a sua "profunda preocupação" com as condições de prisão na América Latina e a "rápida disseminação da covid-19".
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 316.000 mortos e infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.