"Bélgica tem de estabelecer caminho de verdade" sobre passado na RD Congo

A primeira-ministra belga disse hoje que "chegou a hora da Bélgica estabelecer um caminho de verdade" sobre o passado colonial no Congo, atual República Democrática do Congo, por ocasião do 60.º aniversário de independência daquele país.

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© REUTERS/Francois Lenoir

Lusa
30/06/2020 12:38 ‧ 30/06/2020 por Lusa

Mundo

Bélgica

"Todo o trabalho de verdade e memória passa primeiro pelo facto de reconhecer o sofrimento do outro", acrescentou a primeira-ministra da Bélgica, Sophie Wilmès, saudando o gesto considerado histórico realizado hoje pelo rei dos belgas.

O rei Philippe enviou uma carta hoje ao Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo), Félix Tshisekedi, para expressar aos congoleses o seu "mais profundo pesar pelas feridas" infligidas durante a presença belga no Congo.

Os belgas e os congoleses compartilham uma história comum e sobre a qual um debate deve ser conduzido "sem tabus, com sinceridade e severidade", acrescentou Sophie Wilmès.

A primeira-ministra referia-se à comissão parlamentar que deverá iniciar em breve os seus trabalhos e reunir especialistas belgas e africanos para examinar o passado colonial da Bélgica no Congo, em Ruanda e no Burundi.

Wilmès participou hoje pela manhã da inauguração de uma placa comemorativa da independência do Congo defronte do prédio da administração comunal de Ixelles, não muito longe do bairro da capital belga com uma grande comunidade africana, Matonge.

Na ocasião, a primeira-ministra lançou um apelo ao "combate ao racismo", relembrando os insultos sofridos recentemente na Internet por Pierre Kompany, o primeiro burgomestre (chefe do executivo de uma comuna) negro da Bélgica, de origem congolesa e pai do jogador de futebol Vincent Kompany.

"Fiquei pessoalmente chocado com os comentários inaceitáveis feitos recentemente contra Pierre Kompany", disse.

"O ódio nas redes sociais (...) esses comportamentos abjetos" não são "factos isolados", acrescentou a primeira-ministra, referindo ainda que "todos os dias muitos de nossos concidadãos são submetidos a tais discursos".

"Não devemos deixar passar nada na luta contra o racismo, contra qualquer forma de rejeição do outro", acrescentou Sophie Wilmès.

Pierre Kompany, burgomestre de Ganshoren, na periferia de Bruxelas, é um dos representantes eleitos belgas, nomeadamente dos democratas-cristãos, que reclamaram pelas "desculpas" do rei e do Estado belga pelo passado colonial.

O período colonial no Congo Belga, atual RDCongo, ocorreu entre 1908 a 1960, ano em que a 30 de junho foi proclamada a independência.

 

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