Todos os anos em 11 de julho, aniversário do dia em que se iniciou o assalto das forças sérvias bósnias a este enclave em 1995 - então designado "zona de segurança da ONU" -, os familiares reúnem-se para os funerais das vítimas bosníacas [muçulmanas] que foram identificadas mais recentemente.
Tradicionalmente, milhares de visitantes de diversos países têm comparecido às celebrações do 11 de julho, mas esta ano, e devido à pandemia do coronavírus, apenas um número relativamente pequeno de sobreviventes terá autorização para se deslocar ao cemitério.
No entanto, aguardam-se muitas intervenções "virtuais", indicou Emir Suljagic, diretor do Centro Memorial de Srebrenica de Potocari, à agência noticiosa Associated Press (AP).
Em julho de 1995, na fase final da guerra civil na Bósnia-Herzegovina, as tropas sérvias bósnias entraram no enclave e cerca de 7.000 homens e rapazes muçulmanos bósnios em idade de combater foram mortos em confrontos armados quando tentavam escapar, ou executados.
As mulheres, crianças e idosos foram previamente separados e enviados para outras regiões da Bósnia controladas pelas forças militares muçulmanas.
O extinto Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ) definiu os acontecimentos de Srebrenica como "genocídio".
O TPIJ, uma instância judicial 'ad hoc' da ONU anunciada em 1993, julgou vários indiciados pelos acontecimentos de Srebrenica, incluindo o ex-líder político dos sérvios bósnios, Radovan Karadzic, condenado em março de 2016 a 40 anos de prisão.
Após um recurso, um tribunal internacional que sucedeu ao TPIJ sentenciou Karadzic a prisão perpétua em março de 2019.
O antigo líder militar dos sérvios bósnios, Ratko Mladic, também foi condenado a prisão perpétua em novembro de 2017, a última decisão do TPIJ antes da sua dissolução.
A possibilidade de familiares e visitantes poderem prestar homenagem aos mortos de Srebrenica deve-se aos cientistas forenses da Comissão Internacional sobre Pessoas Desaparecidas.
A Comissão, instituída em 1996 após forte insistência do então Presidente dos EUA Bill Clinton, elaborou um sistema de ADN para localizar e identificar os restos de cerca de 40.000 pessoas, a larga maioria da Bósnia, que alegadamente foram consideradas desaparecidas na sequência das guerras na ex-Jugoslávia que se prolongaram durante a década de 1990.
A Bósnia-Herzegovina, pequeno país dos Balcãs com cerca de 3,5 milhões de habitantes e que permanece dividido em linhas étnicas, é habitado por cerca de 50% de muçulmanos bosníacos, 33% de sérvios ortodoxos e 15% de croatas católicos.