"Não penso que cheguemos a um tipo de situação em que as restrições nas fronteiras voltarão a ser necessárias ou que essa seja uma forma eficaz de lidar com o vírus", disse em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, a comissária europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson.
Para a comissária europeia que tutela a livre circulação na UE e no espaço Schengen -- fortemente afetada pela pandemia de covid-19 dado o encerramento de algumas fronteiras internas durante algumas semanas -- "não haverá uma nova situação de fronteiras encerradas".
"A minha impressão é que a nível interno, na UE e no espaço Schengen, os Estados-membros têm sido muito bons a adotar outras medidas para proteger os seus cidadãos", declarou Ylva Johansson, numa alusão à implementação de regras de higienização, de distanciamento social e do reforço dos testes e do rastreamento.
Além disso, "também sabemos muito melhor como nos comportar, enquanto indivíduos", argumentou.
Para a comissária europeia, o fecho de fronteiras internas "já não é uma forma eficaz de lidar com o vírus ao dia de hoje".
"A Europa foi o centro das infeções, depois da China, e por isso claro que Estados-membros como Itália [tiveram de fechar as fronteiras] porque, de repente, o vírus estava lá, mas agora estamos a avançar cada vez mais para um novo normal no qual nos habituaremos cada vez mais a outras medidas para nos protegermos", defendeu Ylva Johansson na entrevista à Lusa.
Em março passado, a Europa tornou-se dos maiores epicentros do surto de covid-19 no mundo, o que levou os países a imporem confinamento à população e a restringirem as viagens, com 17 Estados-membros e associados do espaço Schengen a fecharem as suas fronteiras internas.
Segundo Ylva Johansson, e uma vez que a situação estabilizou, as fronteiras internas já foram praticamente todas reabertas, excetuando-se as de países como Finlândia, Dinamarca, Noruega e Lituânia.
"A situação está a melhorar agora e sabemos como nos proteger, mas também como testar e rastrear os casos", comentou a comissária europeia.
Destacando a melhor preparação da Europa para lidar com o surto do novo coronavírus, a responsável sueca disse, ainda, esperar que "uma segunda vaga [de contágios] não seja tão difícil foi esta".