Num discurso sobre o estado da nação, feito hoje, a poucos dias das eleições - marcadas para o próximo domingo -, o presidente afirmou que a parceria com os vizinhos russos reflete laços históricos.
"A Rússia sempre foi e continuará a ser o nosso aliado mais próximo, independentemente de quem assuma o poder na Bielorrússia ou na Rússia", disse Lukashenko.
Esta posição contrasta com as críticas feitas por Lukashenko à Rússia na semana passada, quando a agência de segurança da Bielorrússia prendeu 33 russos perto de Minsk, acusando-os de planearem "tumultos em massa".
Moscovo negou as acusações, dizendo que os russos estavam a caminho de outro país e só ali ficaram porque perderam o transporte.
No poder há 26 anos, Lukashenko conta com energia russa barata e outros subsídios, além de empréstimos no valor de milhões de dólares, para sustentar a economia de estilo soviético do país, que conta com 9,5 milhões de habitantes.
No entanto, Lukashenko envolveu-se em ferozes discussões económicas com o Kremlin, resistindo às tentativas russas de assumir o controlo de ativos económicos da Bielorrússia.
A Rússia reduziu drasticamente os seus subsídios à Bielorrússia este ano, alegando que o país vizinho deve aceitar uma integração económica se quiser receber energia russa com descontos.
Lukashenko descreveu a medida como parte dos esforços de Moscovo para subjugar o país vizinho, tendo lamentado hoje, no seu discurso, que a Rússia tenha alterado o conceito de relação com a Bielorrússia de 'fraterna' para 'parceria'".
Lukashenko lembrou Moscovo que a Rússia precisa de manter relações calorosas com o seu vizinho, já que "não tem mais aliados próximos" e referiu que "o Ocidente demonstra um crescente interesse" pela Bielorrússia.
Ao longo do seu mandato, Lukashenko tentou várias assustar o Kremlin com a perspetiva de se voltar para o Ocidente.
A tática tem funcionado até certo ponto, apesar de Lukashenko ter ganhado, no Ocidente, a alcunha de "o último ditador da Europa" devido aos seus modos autoritários.
Lukashenko, de 65 anos, conseguiu, durante a sua estada no poder, sufocar a imprensa dissidente e independente e prolongar o seu governo através de eleições que o Ocidente considerou fraudulentas.
Desta vez, o líder bielorrusso enfrenta um desafio mais difícil: uma oposição interna e o cansaço público face ao seu governo, além de se ver confrontado com as consequências da pandemia de covid-19.