"Todos os voos internacionais serão agora permitidos de acordo com os protocolos de contenção da pandemia e da apresentação de um certificado negativo da covid-19", disse Cyril Ramaphosa, numa declaração à nação pela televisão sobre os esforços do Governo sul-africano no combate à pandemia.
"Ao usarmos testes rápidos e estritas medidas de observação, visamos limitar a propagação da infeção através da sua importação", afirmou o Presidente da República.
O chefe de Estado adiantou que a decisão visa "assistir as empresas sul-africanas, nomeadamente no setor da hotelaria e turismo", salientando que o Governo decidiu também normalizar o horário de funcionamento do comércio de bebidas alcoólicas.
"A África do Sul, enfrentou o que esperamos ter sido a pior tempestade, no pico da pandemia, em julho, registámos cerca de 12.000 novas infeções por dia", frisou Ramaphosa, acrescentando que "há mais de dois meses que o número de novas infeções permanece relativamente estável abaixo das 2.000 por dia".
Até à data, a África do Sul regista 742.394 casos positivos de infeção e 20.011 mortos, segundo o Presidente, advertindo que "as infeções estabilizaram no país, mas podem aumentar rapidamente".
"Se vamos ter que prevenir um ressurgimento das infeções no nosso país, há regiões a que temos que estar atentos", salientou.
Nesse sentido, destacou a província do Cabo Oriental, "que mostra sinais de um ressurgimento [da covid-19] e aumento de admissões nos hospitais", onde na semana passada o número de novas infeções na província aumentou 50% em relação à semana anterior.
"E o número total de novos casos nos últimos 14 dias era cerca de 145% mais alto do que nos 14 dias antecedentes", explicou Ramaphosa, admitindo que "o contágio poderá dever-se a surtos nas instituições de ensino superior".
O Presidente mencionou ainda o Estado Livre, o Cabo do Norte, e por último a Garden Route e a Cidade do Cabo, na província do Cabo Ocidental, como sendo regiões onde se regista infeções "mais elevadas do que a média".
Ramaphosa declarou que o Governo vai alargar o estado de desastre nacional por mais um mês, apelando aos sul-africanos a "usarem máscara, evitar ajuntamentos e a limitar o contacto social" para se evitar uma segunda vaga da pandemia.
O Presidente sul-africano reiterou que o Governo alargou recentemente o subsídio covid-19 até janeiro de 2021, para assistir seis milhões de pessoas que estão desempregadas, acrescentando que vai mudar a estratégia "de ajuda social para reconstrução económica", sem precisar detalhes.
No seu discurso, Cyril Ramaphosa disse que a África do Sul está a colaborar com várias farmacêuticas multinacionais para facilitar o acesso a uma vacina contra a covid-19, estimando que "o continente africano necessita de 12 mil milhões dólares [10,1 mil milhões de euros] e 750 milhões de doses da vacina contra a covid-19".
"A Johnson & Johnson assinou um acordo com a empresa sul-africana Aspen que tem capacidade para produzir 300 milhões de doses na sua fábrica em Port Elizabeth, sudeste do país e a Biovac, uma firma local, está a negociar com firmas internacionais em parceria com o Governo sul-africano", salientou.
A África do Sul vai cumprir cinco dias de luto nacional, de 25 a 29 de novembro, em homenagem às vítimas da covid-19 e da violência do género no país.
Todavia, o chefe de Estado sul-africano, que é também presidente do Congresso Nacional Africano, escusou-se a fazer um ponto de situação sobre as várias investigações em curso à alegada corrupção por dirigentes do partido no poder em contratos públicos de compra e distribuição de equipamento de proteção médica contra a covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.275.113 mortos em mais de 51,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.