"É do nosso interesse lançar o processo de negociação o mais rapidamente possível", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, aos jornalistas, citado pela agência francesa AFP.
Peskov disse que "a bola está no campo dos norte-americanos, que suspenderam todos os contactos substanciais" com Moscovo sobre a questão.
O porta-voz do Kremlin afirmou também que deve ser tido em conta o potencial nuclear dos aliados dos Estados Unidos, nomeadamente o Reino Unido e a França.
"É necessário ter em conta todos os potenciais nucleares. E é impossível, por exemplo, ter uma conversa e não ter em conta os potenciais nucleares da França e da Grã-Bretanha", disse Peskov, segundo a agência russa TASS.
"As realidades atuais ditam essa necessidade", acrescentou.
Peskov reafirmou que o Presidente russo, Vladimir Putin, está pronto para falar com Donald Trump, que tomou posse na segunda-feira, mas está à espera de sinais de Washington.
"Putin está pronto. Estamos à espera de sinais. Todos estão prontos", afirmou.
Peskov não deu qualquer indicação sobre o calendário ou a natureza dos sinais esperados, enquanto Trump disse na quinta-feira que estava pronto para uma reunião imediata com Putin.
"É difícil ler as borras de café aqui", disse Peskov, atirando a bola de volta para a Casa Branca (presidência norte-americana), segundo a AFP.
Trump reafirmou na quinta-feira o desejo de se encontrar com Putin.
"Acho que, pelo que estou a ouvir, Putin quer encontrar-se comigo, vamos encontrar-nos o mais depressa possível. Eu encontrar-me-ia com ele imediatamente", disse aos jornalistas na Sala Oval.
"Todos os dias em que não nos reunimos, há soldados mortos no campo de batalha", afirmou Trump, referindo-se ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que descreveu como "uma guerra ridícula'.
Trump acrescentou que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, "está pronto a negociar um acordo".
Anteriormente, durante um discurso no Fórum Económico Mundial em Davos, Trump tinha apelado à descida dos preços do petróleo, afirmando que "a guerra na Ucrânia acabaria" assim que baixassem.
Peskov respondeu hoje que o conflito na Ucrânia "não depende dos preços do petróleo".
O conflito "resulta de uma ameaça à segurança nacional russa", afirmou.
Desde a reeleição de Trump, a Rússia, a Ucrânia e os seus aliados aguardam para ver qual a posição que o imprevisível líder norte-americano irá adotar.
Aguardam, em particular, o que fará no que se refere à questão da ajuda militar, que é crucial para a Ucrânia, especialmente porque Trump se gaba de ter uma boa relação com Putin.
A Ucrânia receia ser colocada à mesa das negociações em desvantagem, uma vez que está a lutar na linha da frente, e ser forçada a ceder território ocupado pela Rússia.
[Notícia atualizada às 11h14]
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