O aniversário deste pacto histórico, apoiado pela ONU e que transformou as Farc num partido político de esquerda depois de mais de meio século de rebelião armada, passou quase despercebido.
"Nestes quatro anos, foram assassinados 242 acordos de paz, o que significa que o recorde é quase agridoce", lamentou, nas redes sociais, Carlos Lozada, ex-negociador das Farc, que se tornou senador.
O Governo e os ex-guerrilheiros entraram em confronto com a implementação do acordo, negociado durante quatro anos, rejeitado em referendo, alterado e finalmente assinado em 24 de novembro de 2016 com o vencedor do Prémio Nobel da Paz, Juan Manuel Santos.
A violência, que só este ano resultou na morte de pelo menos 59 ex-rebeldes, é a maior ameaça à paz incompleta do país.
Embora a maioria dos 13 mil membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, incluindo sete mil combatentes, tenham baixado as armas, as fações "dissidentes" recusaram.
Esses grupos sem comando unificado foram reforçados em algumas áreas do pais através dos lucros do tráfico de droga e da mineração ilegal.
"Passámos de uma guerra de 'nível nacional' a múltiplos conflitos locais", refere a Fundação Ideas para la Paz, que este ano registou 76 massacres, que fez 306 mortos.
A Colômbia entrou num novo ciclo de violência, cujas principais vítimas são ex-guerrilheiros, defensores dos direitos humanos e líderes comunitários.
Os dissidentes das FARC, dos guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e dos grupos de narcotraficantes, como o Clã del Golfo, somam pelo menos 7.600 combatentes em 240 dos 1.100 municípios colombianos, segundo a ONG Paz y Reconciliacion.
As tentativas do presidente Ivan Duque foram rejeitadas pelo parlamento, mas o seu partido quer um referendo para desmantelar o juiz especial de paz, perante o qual os autores podem confessar os seus crimes e obter penas alternativas à prisão, caso se comprometerem a indemnizar as vítimas.
"Ainda há um longo caminho a percorrer para que as Farc compensem e respondam às exigências legais das vítimas", segundo o Alto Comissário do Governo para a Paz, Miguel Ceballos.
A guerrilha na Colômbia deixou mais de nove milhões de vítimas, entre mortos, desaparecidos e deslocados.