MNE russo descreve notícias sobre caso Navalny como "engraçadas de ler"
Laboratórios na Alemanha, França e na Suécia confirmam envenenamento de opositor russo. País sempre negou qualquer envolvimento no atentado contra a vida de Navalny.
Mundo Navalny
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, acredita que os detalhes divulgados sobre o envenenamento do opositor Alexei Navalny são "engraçados de ler".
De acordo com a CNN, o responsável pela diplomacia russa disse esta quarta-feira que a administração russa "está habituada" a ser alvo de acusações semelhantes por parte de países ocidentais.
"Já estamos habituados ao facto de que os Estados Unidos e outros países ocidentais simplesmente anunciam à comunicação social mais um conjunto de acusações contra a Rússia, sejam hackers, ou alguma espécie de impressão sobre o duplo, ou até triplo, envenenamento de Navalny", indicou Lavrov, à margem da sua visita à Croácia, esta quarta-feira.
"Todas estas notícias são engraças de ler, mas dizem apenas uma coisa - ou antes a maneira como estas notícias são apresentadas diz apenas uma coisa -, que os nossos parceiros ocidentais não têm padrões éticos ou falta-lhes capacidade em trabalho diplomático normal, não estão disponíveis para cumprir as normas legais internacionais quando se trata de encontrar factos", acrescentou.
A 20 de agosto deste ano, Navalny adoeceu gravemente e foi internado num hospital russo, em Omsk, na Sibéria, e transferido dois dias depois para outra unidade hospitalar em Berlim.
Posteriormente, um laboratório especializado na Alemanha encontrou indícios claros de que o opositor havia sido envenenado com um agente neurotóxico do grupo Novichok, o que foi corroborado por outros laboratórios em França e na Suécia e pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
Por sua vez, a Rússia sempre negou qualquer envolvimento no atentado contra a vida de Navalny e afirmou continuamente que não houve envenenamento, mas que o opositor sofria de problemas metabólicos e pancreatite.
Investigação alega que FSB seguiu Navalny
Na segunda-feira, uma investigação do grupo Bellingcat e do The Insider divulgaram um relatório que alega que elementos do FSB, a agência de segurança interna da Rússia e que é considerada um sucessor do KGB, seguiram Navalny nas viagens que fez desde 2017.
Estes operacionais do FSB tinham "treino especializados em armas químicas, química e medicina" e "estavam na proximidade do ativista da oposição nos dias e horas do período em que foi envenenado".
Esta investigação, feita pelo Bellingcat e pelo The Insider em cooperação com a CNN e com o Der Spiegel, identificou os alegados autores do envenenamento e os laboratórios onde foi desenvolvido este agente nervoso através da análise dos metadados de comunicações e de informações de voo.
Em duas instâncias, em 2019 e 2020, é explicitado que Navalny e a mulher adoeceram com sintomas inexplicáveis.
"O caso está resolvido. Sei quem são todos aqueles que me tentaram matar", escreveu Navalny no blog que criou pouco depois da publicação deste relatório.
O político, que está convalescente na Alemanha, disse que a equipa com a qual trabalha conseguiu verificar estas evidências e voltou a acusar o Presidente russo de ser o 'cérebro' do envenenamento.
"Já tinha dito que a tentativa de homicídio contra mim foi ordem de Putin. E agora com todos estes factos digo: os operacionais do FSB estão a organizar atos terroristas às ordens do Presidente Putin", acrescentou Navalny.
O FSB e o Kremlin ainda não comentaram as informações espelhadas no relatório.
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