China pretende cooperar com Biden mas alerta contra um novo "macarthismo"

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wi, assegurou hoje que Pequim está preparado para cooperar com o Presidente eleito do EUA, Joe Biden, sobre diversas prioridades, mas alertou Washington contra um "macarthismo" anti-China.

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© REUTERS/Kevin

Lusa
18/12/2020 19:59 ‧ 18/12/2020 por Lusa

Mundo

Biden

Após meses de confrontação direta com o Governo do Presidente cessante Donald Trump, o responsável chinês disse aguardar um regresso ao diálogo e a um clima de "confiança mútua" entre as duas primeiras potências económicas mundiais após a tomada de posse de Biden em 20 de janeiro.

"É importante que a política americana face à China seja retomada logo que possível com objetividade e com razão", disse Wang Li numa entrevista virtual perante a Asia Society, um círculo de reflexão de Nova Iorque.

O dirigente chinês assegurou que a China considera existir uma "possibilidade de cooperação" com a futura administração da Casa Branca, em temas como o combate à pandemia, a crise económica e as alterações climáticas.

"Esperamos poder alargar a cooperação e gerir as nossas divergências através do diálogo", insistiu.

A administração Trump acentuou nos últimos meses um braço de ferro generalizado com Pequim, comprometendo décadas de diálogo com a potência asiática.

O chefe da diplomacia dos EUA, Mike Pompeo, um representante da linha dura neste confronto que fez recordar o período da Guerra Fria, pôs termo aos programas culturais de intercâmbio financiados pela China e endureceu drasticamente as regras de atribuição de vistos aos chineses.

Ao optar por acentos crescentemente ideológicos nas suas acusações contra o Partido Comunista Chinês, evocou um combate entre "liberdade" e "tirania", e apelou às universidades norte-americanas para desconfiarem dos estudantes chineses.

"Assistimos a um macarthismo que ressurge e coloca em perigo as trocas internacionais normais", sublinhou Wang Yi, numa referência à "caça às bruxas" contra comunistas e intelectuais de esquerda nos Estados Unidos movida pelo senador republicano Joseph McCarthy após a Segunda Guerra Mundial.

O ministro chinês acusou responsáveis norte-americanos, sem os designar, de praticarem uma "presunção de culpabilidade irresponsável" face à China.

"Ignoram os nossos inúmeros interesses comuns e a margem de cooperação entre os nossos dois países, insistindo no facto de que a China representa uma grande ameaça", assinalou.

Joe Biden já prometeu firmeza face a Pequim, num reflexo de uma crescente hostilidade entre a classe dirigente norte-americana, mas também prometeu procurar pontos de cooperação face aos desafios planetários.

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