O juiz do tribunal de Minneapolis Peter Cahill convocou sete jurados e questionou cada um deles para descobrir o que sabiam sobre o acordo extrajudicial que a Câmara Municipal tinha estabelecido com a família de Floyd, no valor de 27 milhões de dólares (cerca de 23 milhões de euros) e se isso afetaria a sua capacidade de participar no julgamento.
A questão foi levantada pelo advogado do ex-polícia Derek Chauvin, acusado da morte por asfixia do afro-americano George Floyd, em maio do ano passado, que suscitou uma vaga de manifestações contra o racismo e a violência policial.
Cahill teve o cuidado de perguntar aos jurados se tinham ouvido a notícia do acordo, alegando que houve "ampla cobertura dos 'media' sobre o desenvolvimento de um processo civil entre a cidade de Minneapolis e a família de George Floyd" e perguntando se eles foram expostos a essa informação.
Um dos dois jurados que acabaram por ser dispensados disse que ouvira falar do acordo e que seria "difícil ser imparcial" depois de ter conhecimento dessa informação.
Também o outro jurado dispensado reconheceu que o valor do acordo o "chocou", dizendo não estar seguro sobre o impacto dessa notícia na sua capacidade de avaliação dos factos que serão julgados em tribunal.
O juiz manteve os outros cinco jurados que foram escolhidos para o júri que vai pronunciar-se sobre a acusação de homicídio que pesa sobre Derek Chauvin.
O interrogatório aos jurados respondeu ao pedido do advogado de Chauvin, Eric Nelson, que classificou o momento do anúncio do acordo -- que aconteceu na semana passada, a meio da seleção do júri - como "profundamente perturbador" e "injusto".
Nelson também pediu o adiamento do julgamento, uma hipótese que o juiz Cahill está neste momento a ponderar.
Nove jurados estiveram sentados na sessão de tribunal realizada na terça-feira, incluindo cinco brancos, um multirracial, dois negros e um hispânico, sendo seis deles homens e três mulheres, com idades compreendidas entre os 20 e os 50 anos.
Para o julgamento vão ser necessários 14 jurados, incluindo dois suplentes.
Chauvin é acusado de assassínio e homicídio culposo, no caso da detenção de George Floyd, em 25 de maio de 2020, que foi declarado morto após o ex-polícia ter pressionado o joelho contra o seu pescoço durante cerca de nove minutos.
A morte de Floyd, capturada num vídeo amplamente divulgado nos 'media' e nas redes sociais, desencadeou uma enorme vaga de manifestações em diversas cidades contra o racismo e a violência policial.
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