Líder da Fretilin pede ao Governo solução para quem quer sair de Díli
O secretário-geral da Fretilin, maior partido no Governo timorense, pediu hoje a criação de corredores de "êxodo urbano" para permitir que os residentes em Díli que o necessitem possam regressar aos seus municípios de origem.
© Lusa
Mundo Covid-19
Mari Alkatiri defendeu ainda a disponibilização de "meios de transporte para facilitar a viagem e efetivar o controle sanitário" e que haja identificação clara de cada cidadão que saia da cerca sanitária em vigor na capital e da viatura que utilizou para a viagem.
"Os cidadãos já testados Dili, não se devem misturar com os ainda não testados na mesma viatura", escreveu Mari Alkatiri numa publicação hoje no Facebook.
No texto Alkatiri defende ainda que se deve "mobilizar a participação dos familiares e das autoridades comunitárias no destino para ajudarem a facilitar controle sanitário" e testar à covid-19 quem tenha viajado de Díli sem realizar o teste.
Na mensagem, publicada na sua página oficial no Facebook, Alkatiri respondeu assim às crescentes preocupações de muitos residentes em Díli, particularmente estudantes, que sentem atualmente grandes carências socioeconómicas devido à cerca sanitária e confinamento obrigatório.
"É urgente que isto se faça para respeitarmos a vontade dos cidadãos sem pôr em causa a necessidade dos que lutam contra a propagação da covid-19 e, assim, frustrarmos, mais uma vez, todas as manipulações carregadas de má-fé e de irresponsabilidade atroz", considerou.
Alkatiri dirigiu, porém, apelos também à população, especialmente aos estudantes, para "não se deixarem enganar por práticas e políticas de desespero de certo setor da vida política-partidária" no país.
Os comentários surgem depois de, no sábado, centenas de pessoas se terem deslocado para os pontos de saída da capital com o objetivo de saírem da cerca sanitária e regressarem aos municípios de origem.
Essas ações suscitaram debates sobre se o movimento teria sido espontâneo ou organizado com fins políticos para descredibilizar a gestão do Governo da covid-19.
Alkatiri aponta o dedo a quem, diz, "não se tem poupado em procurar recuperar espaço e tempo já perdidos com mentiras e manipulações de toda a ordem, sabendo e, porque não, querendo com isso, criar condições para provocar crise generalizada" no país.
Considerando que o VIII Governo, "viabilizado pela Fretilin" tem vindo a demonstrar que "o centro das suas atenções é o cidadão, as populações mais pobres", Alkatiri destacou as medidas de apoio socioeconómico em 2020 e que agora vão ser ampliadas.
Entre elas sublinhou o programa da cesta básica, que "já beneficiou mais de um milhão de cidadãos de uma forma direta, e, como efeito multiplicador, beneficiou outras dezenas de milhares de cidadãos em todo o país".
Nesse contexto, acusa, "um certo setor político-partidário tudo tem feito para desacreditar o VIII Governo viabilizado pela Fretilin porque sabe que o espaço e o tempo residual que ainda lhes resta também se vai reduzindo de uma forma rápida".
Depois de tentarem, considera, "pôr em causa a legitimidade do VIII Governo", tentaram "convencer o povo" de que a Reserva Federal norte-americana "não iria transferir dinheiro para o Banco Central de Timor-Leste (BCTL) para financiar o OGE 2021".
"Porque, na verdade se provou a mentira desta propaganda, avançaram agora contra toda a estratégia de combate à covid-19 do VIII Governo viabilizado pela Fretilin", escreveu.
"Mais uma vez usam a desinformação, inflacionam as emoções, desviam a juventude e estudantes do seu valor mais elevado que é a generosidade para compreender todo o processo e o sentido de sacrifício demonstrado durante toda a nossa luta", disse.
Aos jovens e restantes cidadãos, Alkatiri disse que o executivo os quer colocar no centro das suas atenções, protegê-los da pandemia e "conduzir todo o país para um desenvolvimento real e sustentável".
"Os opositores a este Governo procuram simplesmente usar-vos. Faz de vocês simples instrumentos para camuflarem os seus erros", considerou.
A cerca sanitária está a afetar muitos dos residentes de Díli, especialmente estudantes, que dependem de apoio regular das suas famílias nos distritos, incluindo para alimentação, mas que não o têm desde o começo da medida, a 08 de março.
O executivo entregou sacos de arroz a alunos do ensino superior, mas os estudantes queixam-se de a assistência não ser suficiente e pedem para poder voltar para as suas famílias.
Muitos outros habitantes em Díli vivem os mesmos problemas, já que a sua situação socioeconómica é precária, tendo-se agravado significativamente desde o início da cerca.
Timor-Leste vive, atualmente, o pior momento desde o início da pandemia, com 461 casos ativos no país, maior número de sempre, e um total de 677 casos acumulados.
O Governo aprovou a renovação da cerca sanitária e confinamento obrigatório até 16 de abril em Díli e até 09 de abril, pelo menos, em Baucau e Viqueque.
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