Heiko Maas falava após Teerão ter anunciado no sábado a entrada em funcionamento de novas centrifugadoras avançadas naquele complexo, que no domingo foi alvo de um "acidente", classificado de ataque pelo Irão.
"O que ouvimos de Teerão neste momento não é uma contribuição positiva (para as negociações), em particular os desenvolvimentos recentes relativos a Natanz", disse Maas numa conferência de imprensa em Berlim.
Após uma primeira reunião na semana passada, as negociações devem ser retomadas esta semana em Viena, na Áustria, para tentar fazer regressar os Estados Unidos ao acordo internacional sobre o nuclear iraniano e ao mesmo tempo convencer o Irão a voltar a respeitar os compromissos do acordo.
"Não será simples", destacou Maas, embora notando que o espírito das discussões é "construtivo".
Após as primeiras negociações em Viena com o Irão, nas quais os Estados Unidos não participam diretamente, os norte-americanos indicaram ter feito propostas "muito sérias" e disseram esperar uma certa "reciprocidade" da parte da República Islâmica.
A entrada em funcionamento de novas cascatas de centrifugadoras modernas no complexo nuclear de Natanz, proibidas pelo acordo de 2015, não vão no sentido desejado.
As novas centrifugadoras oferecem ao Irão a capacidade de enriquecer urânio mais rapidamente e em maiores quantidades, em volumes e com um grau de refinamento proibido pelo acordo de 2015 alcançado em Viena entre o país e a comunidade internacional.
O Irão acusou hoje Israel de responsabilidade num ataque que atingiu no domingo a instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, deixando entender que se registaram danos nas centrifugadoras e prometendo "vingança".
Face a estes acontecimentos, "as discussões" a retomar em Viena "serão particularmente importantes para ver em que medida o que é discutido é aplicável a Teerão", acrescentou Heiko Maas.
O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) foi assinado em Viena em 2015 entre o grupo dos 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU -- Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China -- mais a Alemanha) e o Irão. Teerão aceitava limitações ao seu programa nuclear em troca do levantamento de sanções internacionais.
Em 2018, os Estados Unidos abandonam o acordo e restabelecem duras sanções à República Islâmica, que um ano depois começa gradualmente a infringir os limites estabelecidos pelo pacto.
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