Cabo Verde. Ulisses diz que após a tempestade merece governar na bonança
A agitação marítima obriga a cuidados redobrados à chegada de Ulisses Correia e Silva ao Porto Novo, mas serve de mote ao recandidato a primeiro-ministro cabo-verdiano, que depois da tempestade diz merecer governar na bonança, perante centenas de apoiantes.
© Lusa
Mundo Cabo Verde
"Estou confiante. Aquilo que nós temos estado a sentir das manifestações populares, as pessoas envolvendo-se fortemente na campanha, e um forte sentimento de confiança. E um outro forte sentimento de merecimento", confessou à Lusa Ulisses Correia e Silva, presidente do Movimento para a Democracia (MpD) e primeiro-ministro em funções, eleito pela primeira vez em 2016.
À chegada ao Porto Novo, ilha de Santo Antão, destacando a legislatura que agora termina como a dos "piores anos" que Cabo Verde conheceu em mais de três décadas, insistiu, a propósito das eleições legislativas de domingo, que após a tempestade, também quer 'comandar' o barco na bonança.
"De que depois desta tempestade muito grande que nós atravessamos, nestes cinco anos de seca e pandemia, que este Governo e este partido merecem mais cinco anos para mostrar, de facto, que em acalmia iremos ainda muito mais longe e colocar Cabo Verde no caminho seguro", atirou, absorvido pelos apoiantes que o foram buscar ao cais do porto, onde chegou de barco, vindo de São Vicente.
Ulisses Correia e Silva, 58 anos, lidera o MpD desde junho de 2013 e venceu as eleições legislativas em Cabo Verde menos de três anos depois, assumindo desde então o cargo de primeiro-ministro, lugar que tenta manter nas eleições legislativas de domingo.
"Não há memória em democracia de um Governo que tenha passado tantos problemas em termos de emergência. Desde a transição de 2016 para a estabilidade económica que conseguimos, e a recuperação e crescimento, três anos de seca severa, as piores secas dos últimos 37 anos, e depois mais de um ano de pandemia. Isto é único, espero que não seja repetível", sublinhou.
Pelas 11:00, a chegada ao Porto de Novo faz-se, por entre apelos ao distanciamento social, ao som dos tambores e da música de campanha.
Empurrando a coluna portátil e de microfone na mão, Erickson Fonseca, 35 anos, animador nas festas locais e 'mestre de cerimónias', explicou à Lusa que não podia deixar de mostrar o apoio ao líder e ao partido, que também é da sua família.
"É uma inspiração. O trabalho do Ulisses é que me inspira a fazer estas coisas, a levar a mensagem às pessoas para entenderem que é preciso mais cinco anos para o que homem possa trabalhar. Tendo em conta três anos de seca severa e um ano de pandemia de covid-19, o homem não deixou que Cabo Verde caísse", contou.
Um trabalho que o também segurança nas instalações da Televisão de Cabo Verde em Santo Antão disse fazer "de corpo e alma": "Já fiz vários quilómetros com a coluna nas costas, é espírito de sacrifício".
Mais cedo ainda, desde as 08:00, Georgino Veríssimo, 40 anos, professor e militante do MpD, concentrou-se junto ao porto a aguardar pela chegada de Ulisses Correia e Silva.
"De certeza vai ser eleito primeiro-ministro de Cabo Verde", garantiu, convicto, elogiando que "soube governar Cabo Verde".
Por isso, alinha no discurso oficial de apelo ao voto e assume que o líder do MpD "merece" mais cinco anos no Governo. Tal como Admísia Pereira, 23 anos, estudante e militante do partido.
"Para mim o senhor Ulisses é um grande homem, com esse homem no poder o nosso país pode chegar a um grande nível de desenvolvimento", atirou.
Enquanto os tambores aquecem para a chegada do candidato e para a volta da caravana que se prolongará por mais de uma hora por Porto Novo, a estudante retomou a tónica dos últimos dias de campanha eleitoral pelo MpD: "Ulisses merece a nossa confiança e trabalhar mais cinco anos".
As eleições legislativas em Cabo Verde elegem em 18 de abril a Assembleia Nacional, composta por 72 deputados eleitos por sufrágio universal, direto, através de círculos eleitorais, em cada ilha e na diáspora, e contam com cerca de 393 mil eleitores.
O país está há cerca de 30 anos profundamente bipartidarizado, entre MpD, que tem atualmente uma maioria absoluta de 40 deputados, e o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que soma 29, além dos três eleitos da União Caboverdiana Independente e Democrática (UCID).
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