Em declarações hoje ao canal de televisão turco Habertürk, o chefe da diplomacia recordou que o seu país fez esforços para que a reunião se realizasse antes de 01 de maio, data em que os Estados Unidos prometeram inicialmente retirar as suas tropas do Afeganistão.
"Uma conferência sem a participação dos talibãs não faz sentido. Como ainda não foi alcançado um resultado claro para a constituição das delegações e quanto à participação, decidimos adiá-la, decisão tomada após consulta conjunta", disse Çavusoglu.
O chefe da diplomacia turca sublinhou que "todos pensaram que se poderia chegar a um acordo na conferência da Turquia, mas este "não é um processo fácil para a constituição das delegações e também para a preparação, por isso, decidiram adiar.
"Consultamos o Qatar, os Estados Unidos e as Nações Unidas. Decidimos adiar a conferência para depois do Ramadão, após os feriados", acrescentou Mevlut Çavusoglu, referindo-se ao fim do mês de jejum islâmico em 12 de maio.
A conferência de paz sobre o Afeganistão proposta por Washington deveria decorrer em Istambul entre o próximo sábado e 04 de maio, na presença de representantes do Governo afegão e dos talibãs.
A conferência tinha como principal objetivo "acelerar e concluir as negociações intra-afegãs em curso em Doha, com vista a chegar a um acordo político justo e duradouro".
Washington exerceu pressão para que esta reunião acontecesse antes de 01 de maio, prazo para a retirada das forças norte-americanas do Afeganistão, conforme o acordo firmado em fevereiro de 2020 em Doha com os talibãs.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, não confirmou se a retirada vai acontecer antes do prazo e avisou que o mesmo seria "difícil" de cumprir.
Enquanto isso, os insurgentes talibãs alertaram que os Estados Unidos seriam "responsáveis pelas consequências", não estando ainda claro se estão prontos para aceitar uma extensão do prazo.
A iniciativa deste evento surge num momento em que as negociações de paz entre os talibãs e o Governo de Cabul, que começaram em setembro de 2020 no Qatar, não produziram resultados concretos.
Segundo um plano divulgado pela imprensa, os EUA querem a formação de um Governo interino que inclua os talibãs.
Segundo vários responsáveis, a conferência de Istambul visa também colocar em prática um cessar-fogo, ou pelo menos um período de redução da violência, um pedido das autoridades afegãs que concordaram em participar na reunião.
O Presidente afegão, Ashraf Ghani, traçou um plano de paz, especificando que aceitaria apenas um governo eleito pelo povo.
Reeleito em 2019, o Presidente explanou que qualquer acordo decidido na Turquia teria de ser aprovado por uma "loya jirga", uma grande assembleia de dignitários afegãos.
Apesar de todos os esforços diplomáticos, os insurgentes continuam a atacar as forças afegãs todos os dias no país.
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