O comissário para os Assuntos Internos e Segurança Interna do estado de Kaduna, Samuel Aruwan, confirmou o ataque na terça-feira à noite numa declaração, sem indicar o número de estudantes sequestrados e identidades.
"[Recebemos] pedidos de socorro de um ataque de bandidos armados na Universidade de Greenfield, localizada em Kasarami, na estrada que liga Kaduna e Abuja", disse Aruwan, acrescentando os atacantes recuaram após a chegada de efetivos militares.
"Os agentes de segurança tomaram sob sua custódia os restantes estudantes", prosseguiu a mesma fonte. "Ainda está por determinar o número real de estudantes raptados, a partir dos registos da instituição", indicou Samuel Aruwan.
Só após o início das operações de busca e resgate, as autoridades locais confirmaram a morte às mãos dos atacantes de Paul Ude Okafor, um funcionário da universidade.
Os últimos meses têm sido marcados por um aumento de sequestros de números elevados de estudantes em escolas do norte da Nigéria, uma prática que tem rendido aos seus autores resgates lucrativos. Mais de 800 estudantes foram raptados desde dezembro.
Embora muitos dos estudantes sequestrados tenham sido libertados, pelo menos 29 estudantes de um total de 39 raptados em março no Igabi College of Forestry Mechanization, também no estado de Kaduna, continuam em paradeiro desconhecido.
A organização Amnistia Internacional (AI) denunciou na semana passada o facto de dezenas de milhares crianças e jovens em idade escolar na Nigéria estarem sem acesso à educação, porque as autoridades nigerianas continuam sem proteger as escolas dos ataques de insurgentes e outros grupos armados, especialmente no norte do país.
Segundo a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos, "a única resposta das autoridades para proteger a população escolar, ameaçada por insurgentes e pistoleiros, é fechar escolas, colocando o direito à educação cada vez mais em risco".
"A frequência dos ataques demonstra como as escolas se tornaram inseguras na Nigéria, enquanto que a falta de responsabilização perante a justiça apenas serviu para encorajar os seus perpetradores", apontou a AI.
Num dos exemplos apontados pela ONG, em 11 de dezembro, centenas de homens armados invadiram sete dormitórios de estudantes numa escola secundária em Kankara, estado de Katsina, noroeste da Nigéria, e levaram cerca de 300 estudantes a pé para um local desconhecido, onde os mantiveram cativos durante seis noites, até que os libertaram em 17 de dezembro.
O ataque levou os governos dos estados de Kano, Kaduna, Zamfara, Jigawa e Katsina a ordenar o encerramento de escolas.
O Fundos das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que 10,5 milhões de crianças entre os 5 e os 14 anos estejam fora da escola na Nigéria por razões associadas à falta de segurança.
Os relatos de casamentos e de gravidezes precoces entre raparigas em idade escolar têm aumentado em paralelo com o crescimento do número de escolas encerradas em todo o norte do país, sublinhou a Amnistia Internacional.