O investigador e professor universitário de ciências políticas Alvin Tillery considerou hoje, numa videoconferência nos Estados Unidos em que a Lusa participou, que os últimos anos levaram a mais conscientização da população americana sobre as desigualdades raciais e abusos aos direitos cívicos dos afro-americanos.
Ao declarar que a maioria das pessoas negras eram excluídas das eleições nacionais até 1965, Alvin Tillery disse que o júri de Minneapolis (onde o ex-polícia Derek Chauvin foi julgado) deu um veredito histórico, "fruto de cinco anos de mais consciência por causa do ativismo multifacetado do movimento Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam, BLM na sigla em inglês).
O júri que considerou Derek Chauvin como culpado das três acusações de homicídio contra o afro-americano George Floyd foi constituído por quatro pessoas negras, seis brancas e duas pessoas multirraciais.
A sentença só deverá ser dada a conhecer em junho.
O perito disse que os EUA têm uma história de "ditadura racial" ainda desde 1787, quando a Constituição passou a existir, numa sociedade em que apenas os brancos tinham direitos e se afirmavam como "raça mestre" ou raça superior.
Para Alvin Tillery, quando o veredito saiu, na última terça-feira, foi um "dia monumental na história dos Estados Unidos" por ter responsabilizado um homicídio perpetrado por polícia branco contra um cidadão negro em 29 de maio de 2020, provocando numerosos protestos em massa em todo o mundo contra o racismo e força excessiva da polícia.
O diretor do Centro de Estudos de Diversidade e Democracia (CSDD) na Northwestern University, no Estado de Illinois, considerou que o BLM, iniciado em 2013 é um "movimento social muito poderoso liderado por afro-americanos", descentralizado e sem dar a conhecer muitos dos seus dirigentes.
O BLM teve a sua primeira onda de protestos entre 2014 e 2016, com entre 2.500 a 3.500 protestos, na sequência das mortes dos jovens negros Michael Brown e Eric Garner também por responsabilidade de agentes policiais brancos.
As estimativas apontam que o ano passado terá visto entre 7.500 a 10.000 protestos nos Estados Unidos da América com o 'slogan' Black Lives Matter, constituindo a segunda onda de protestos deste movimento.
Alvin Tillery fundou o CSSD em 2016, quando começou a ficar preocupado por "ver a América andar para trás em igualdade racial".
O centro, do qual Alvin Tillery é diretor, promove pesquisas e investigações para determinar como devem ser ultrapassadas as diferenças de raças e etnias e para ajudar organizações e governos a reduzir desigualdades socioeconómicas entre diversos grupos populacionais no país.
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