Kitazumi, 45 anos, disse, na sua primeira comparência perante os media após ser libertado e repatriado para o Japão, que a sua detenção foi "uma forma de transmitir uma ameaça aos media estrangeiros", e falou sobre o mês que passou na prisão de Insein, na cidade de Rangum.
O repórter independente, que trabalhava na Birmânia desde 2014, foi preso na sua casa, em 08 de abril passado, e transferido para o centro para presos políticos sob a acusação de difundir notícias falsas sobre os protestos civis e a repressão das autoridades após o golpe militar de 01 de fevereiro.
O japonês indicou que passou a maior parte do tempo detido numa cela de isolamento, numa área para prisioneiros que recebem tratamento preferencial, incluindo altos cargos governativos ou da área da cultura, e disse não ter sido maltratado.
No entanto, segundo Kitazumi, a maioria dos presos detidos em Insein foram interrogados e submetidos a "graves torturas" em outras instalações da junta militar.
O jornalista referiu-se a mais de 4.000 presos políticos em Myanmar (antiga Birmânia) e a mais de 800 pessoas mortas na violenta repressão dos protestos. Terão também sido detidos mais de 40 jornalistas, emitidas ordens de prisão contra outros 20 e retiradas as licenças a dezenas de media.
A maioria dos jornalistas birmaneses encontra-se atualmente na clandestinidade no interior do país ou estão no estrangeiro, e continuam a informar sobre a situação na sequência do golpe de fevereiro passado.
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