A visita de Abdel Fattah el-Sissi ao pequeno país do Corno de África é a primeira de um Presidente egípcio desde que Djibuti declarou a sua independência em 1977.
El-Sissi e o seu homólogo, Ismail Omar Guelleh, deverão ainda passar em revista as relações bilaterais entre os dois países - nomeadamente os laços militares e económicos - nesta visita, considerada como "histórica" numa declaração emitida pelo gabinete do presidente egípcio.
A visita surge no contexto de uma tensão crescente entre o Egito e o Sudão, por um lado, e a Etiópia, por outro, sobre a Grande Barragem Etíope Renascentista (GERD, na sigla em inglês) no Nilo Azul, um dos principais afluentes do rio Nilo.
O Egito e o Sudão receiam que a barragem etíope afete as quotas de água dos dois países, especialmente em tempos de seca.
Amani el-Taweel, uma especialista em assuntos africanos do Centro de Estudos Políticos e Estratégicos Al-Ahram egípcio, considerou que uma "aproximação entre o Egito e o Djibuti é crucial" por forma a "evitar que o Djibuti tome o partido da Etiópia".
"Ultimamente, o Egito tem procurado construir boas relações com todos os países da Bacia do Nilo e com os países nas margens do Mar Vermelho", disse a especialista, citada pela agência Associated Press.
"Estas duas regiões estão no centro das duas questões mais importantes de segurança nacional do Egito, que incluem o rio Nilo e o Canal do Suez", explicou.
As conversações com a Etiópia sobre a disputa do Nilo foram interrompidas em abril. Vários esforços internacionais e regionais têm desde então tentado reavivar as negociações sem sucesso.
Em março, El-Sissi advertiu que os direitos do Egito sobre o Nilo são "intocáveis" e que haveria uma "instabilidade inimaginável", caso a Etiópia prossiga com o enchimento do reservatório sem um acordo internacional.
O Egito e o Sudão argumentam que o plano da Etiópia de acrescentar 13,5 mil milhões de metros cúbicos de água em 2021 ao reservatório da barragem constitui uma ameaça.
O Egito tem procurado um acordo juridicamente vinculativo que explicite a forma como a barragem é operada e enchida, com base no direito internacional e nas normas que regem os rios transfronteiriços.
Na segunda-feira, o Presidente norte-americano, Joe Biden, reconheceu como legítimas as preocupações do Egito sobre o acesso à água do Nilo e sublinhou o interesse da sua administração em alcançar "uma resolução diplomática".
O Egito depende do Nilo em mais de 90% do seu abastecimento de água.
A Etiópia argumenta que a barragem, cuja construção é estimada em cerca de 5 mil milhões de dólares, é essencial, e que a grande maioria da sua população carece de eletricidade.
O Sudão quer que a Etiópia coordene o funcionamento da barragem para proteger as suas próprias barragens geradoras de energia no Nilo Azul.
O Nilo Azul, o principal afluente do Nilo, junta-se ao Nilo Branco em Cartum, antes de percorrer o Egito em direção ao norte até desaguar no Mediterrâneo.
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