"Todas as pessoas detidas estão sob custódia policial, apesar de as autoridades não as terem acusado de qualquer infração", afirmou o ativista e diretor da organização Minorias Sexuais do Uganda (Smug, em inglês), Frank Mugisha, à agência noticiosa espanhola Efe.
Segundo Mugisha, a polícia "ainda está a interrogar os detidos".
De acordo com o responsável, as autoridades invadiram um abrigo para pessoas LGBTQI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero, Queer, Intersexuais) depois de vários vizinhos suspeitarem que estavam prestes a realizar-se "casamentos gays" no local.
Em causa está uma casa privada na capital ugandesa, Kampala, que membros da comunidade têm utilizado como esconderijo para evitar a perseguição homofóbica e transfóbica no país.
O código penal do Uganda mantém uma lei do período colonial britânico, publicada pela primeira vez em 1950, que pune as relações íntimas entre pessoas do mesmo sexo com sete anos de prisão.
Da mesma forma, as mensagens homofóbicas têm uma grande expressão na sociedade ugandesa, em parte devido à influência de pregadores evangelistas e de vários políticos e órgãos de comunicação social a estes associados.
Junto da Efe, um ativista LGBTQI+, que quis manter-se no anonimato, considerou que "as igrejas evangelistas mudaram o Uganda".
"A partir de 2009, muitos de nós perderam os seus empregos, casas ou famílias", acrescentou.
Nos últimos anos, a Smug, assim como outras organizações de defesa dos direitos da comunidade LGBTQI+ no Uganda, denunciaram detenções arbitrárias, ataques violentos, tortura, ameaças, despedimentos, despejos forçados, discriminação familiar, recusa de acesso aos serviços de saúde, entre outros abusos.
"Infelizmente, os ataques contra a comunidade LGBTQI+ não são uma novidade no Uganda", lamentou o diretor da organização não-governamental (ONG) sem fins lucrativos.
Fundada em 2004, a Smug, que defende uma reforma das políticas ugandesas, apoia também a coordenação dos esforços de 18 organizações de defesa da comunidade LGBTQI+.
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