A enviada das Nações Unidas para o Afeganistão, Deborah Lyons, sublinhou perante o Conselho de Segurança a gravidade da situação no país, com o risco de ficarem comprometidos diversos "progressos registados nos últimos 20 anos".
A enviada pediu à comunidade internacional para garantir o regresso dos talibãs à mesa das negociações para discutirem a implementação de um cessar-fogo com as autoridades afegãs, sublinhando que o que suceder no Afeganistão terá consequências a nível global.
"Como aprendemos dolorosamente, um conflito fragmentado origina uma situação mais permissiva para os grupos terroristas recrutem, financiem e executem operações com alcance global", assinalou.
Segundo Lyons, os avanços dos talibãs são muito significativos e, "como resultado de uma campanha militar intensificada, mais de 50 dos 370 distritos do Afeganistão caíram desde o início de maio".
"A maioria dos distritos que foram tomados circundam capitais provinciais, o que sugere que os talibãs se posicionaram para controlar essas capitais quando as forças estrangeiras se retirarem totalmente", acrescentou.
A enviada da ONU considerou que a ofensiva contradiz as promessas feitas pelos talibãs no âmbito do seu acordo com os Estados Unidos.
Lyons indiciou que qualquer tentativa de instalar à força um Governo em Cabul contraria os desejos dos afegãos e a posição da comunidade internacional.
Previamente, autoridades locais tinham informado que os talibãs assumiram o controlo do principal posto de fronteira com o Tajiquistão (norte), bem como os distritos que conduzem à capital do nordeste, Kunduz.
Dois responsáveis do Conselho provincial afegão confirmaram "a captura do ponto de passagem Shir Khan" que liga o Afeganistão ao restante território da Ásia Central, 50 quilómetros a norte de Kunduz.
De acordo com Hakmi, os talibãs capturaram Shir Khan e os restantes postos de fronteira após uma hora de combates.
A atual ofensiva talibã iniciou-se em maio, quando os Estados Unidos e a NATO iniciaram a última fase da retirada definitiva das suas tropas.
Os EUA devem retirar os seus 2.500 militares ainda destacados no Afeganistão até 11 de setembro, o dia do aniversário dos atentados de 2001 que justificou a invasão militar do Afeganistão no outono desse ano.
Na segunda-feira, o Pentágono deu a entender que as operações, que estão a desenrolar-se com rapidez, podem ser desaceleradas intencionalmente, de forma a lidar com os repetidos ataques talibãs, antes da retirada total de tropas.
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