A morte, na semana passada, de um ativista dos direitos humanos palestiniano, Nizar Banat, enquanto estava detido pela Autoridade Palestiniana, desencadeou uma onda de revolta na Cisjordânia.
A sua família acusou as forças de segurança palestinianas de o "terem assassinado" e declarou hoje que rejeitaria as conclusões de qualquer inquérito oficial.
Os protestos contra a Autoridade Palestiniana dos últimos dias foram marcados por confrontos entre manifestantes e forças da ordem, enquanto jornalistas relataram terem sido alvo de violência da polícia, mobilizada em massa.
"À luz das violações da liberdade de trabalho dos jornalistas constatadas nos últimos dias", foi enviada uma carta às Nações Unidas, instando a que "tome medidas necessárias e imediatas para proteger" estes profissionais, indicou Naila Khalil, uma repórter palestiniana que escreve para o jornal Al-Arabi Al-Jadid, citada pela agência noticiosa francesa AFP.
Igualmente presente junto às instalações da ONU em Ramallah, Mohammed Gharafi, jornalista do portal da Internet de atualidade Ultra Palestine, disse ter sido ameaçado pelas forças de segurança de que lhe confiscariam o telefone se não parasse de filmar as manifestações.
As imagens que captou mostram mulheres jornalistas a serem atacadas por homens vestidos à civil, suspeitos de pertencer à polícia.
"Pelo menos 12 jornalistas palestinianos, cinco dos quais mulheres, foram agredidos pela polícia palestiniana este fim de semana na Cisjordânia", escreveu hoje na rede social Twitter a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), denunciando "o uso da força pela Autoridade Palestiniana para fazer calar os jornalistas e dissimular a repressão dos manifestantes".
No domingo, o Sindicato dos Jornalistas Palestinianos exigiu a demissão do chefe da polícia, por "ter falhado em garantir a proteção de jornalistas que foram agredidos e ameaçados por pessoas em traje civil, à vista da polícia".
A AFP afirma ter tentado obter um comentário junto da polícia cisjordana, mas sem êxito.
O primeiro-ministro palestiniano, Mohammed Shtayyeh, apelou hoje para "o respeito da liberdade de imprensa" e convidou "cada um a mostrar um elevado sentido de responsabilidade".
Prometeu também que a investigação sobre a morte de Nizar Banat será "profissional e transparente", afirmando que os responsáveis "serão levados perante as autoridades competentes".
Nizar Banat, que morreu na quinta-feira, era conhecido pelos vídeos que divulgava nas redes sociais criticando a Autoridade Palestiniana de Mahmud Abbas, que acusava de corrupção.
Depois de declarar que rejeitará as conclusões das autoridades, a sua família instou a uma investigação internacional.
"Nós não precisamos de uma comissão de inquérito, porque os responsáveis por este crime são autoridades bem conhecidas", acusou o seu irmão, Ghassan Banat, em conferência de imprensa.
"A maioria dos dirigentes palestinianos contactou-nos (...) exceto o presidente da Autoridade Palestiniana", assinalou.