"A retoma do diálogo sobre o conflito político entre os dois governos" terá lugar em setembro, em Barcelona, afirmou Aragonês numa conferência de imprensa em Madrid, onde foi recebido pela primeira vez pelo primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sànchez.
O anúncio surge poucos dias após o perdão e a libertação da prisão de nove separatistas condenados pelo papel desempenhado na tentativa de secessão de outubro de 2017, um gesto de Madrid com o objetivo de retomar a discussão com a Catalunha.
O novo presidente regional catalão, o separatista Pere Aragonês, formalizou assim o reatamento das negociações e explicou que serão abordados temas como "infraestruturas, fundos europeus e investimentos" de Madrid na Catalunha.
Pere Aragonès foi recebido no Palácio da Moncloa, sede do Governo espanhol, por Pedro Sánchez, que decidiu perdoar os separatistas, através de uma medida polémica e criticada em particular pela direita, que o acusa de "trair" a unidade de Espanha ao fazer uma nova concessão aos separatistas, da qual depende, em parte, o seu governo, minoritário no Parlamento espanhol.
Algumas horas mais cedo, o Tribunal de Contas espanhol pediu a devolução de 5,4 milhões de euros aos dirigentes políticos catalães que lideraram o processo de independência falhado, entre eles os ex-presidentes da Catalunha Carles Puigdemont e Artur Mas.
Ao todo estão envolvidos 42 independentistas que assumiram altos cargos na Catalunha e realizaram despesas para promover no exterior o referendo ilegal, realizado em 01 de outubro de 2017, com dinheiro público daquela região espanhola.
O Tribunal de Contas citou as defesas dos ex-presidentes catalães Artur Mas e Carles Puigdemont, bem como do ex-vice-presidente Oriol Junqueras, entre outros, para comunicar os processos abertos.
No documento é detalhada a "responsabilidade subjetiva" atribuída a cada uma das 42 acusações hoje citadas para a sede do Tribunal, para os notificar do processo, detalhando ainda o montante atribuível aos atos ligados ao desvio de dinheiro.
O antigo presidente Carles Puigdemont, que está fugido na Bélgica, já reagiu às intenções do Tribunal de Contas, considerando as intenções da instituição de "franquismo".
Na sua conta na rede social Twitter, o dirigente separatista qualificou o tribunal como a "inquisição espanhola" e lamentou que o seu advogado tivesse apenas três horas para ler "504 páginas" e 10 minutos para fazer alegações, "independentemente do número de pessoas que ele defende".
Os políticos catalães que organizaram em 2017 um referendo ilegal sobre a autodeterminação da região foram julgados em 2019 e nove deles que estavam a cumprir penas de prisão que iam até um máximo de 13 anos de prisão pelo crime de sedição (contestação coletiva contra a autoridade) foram indultados e saíram da prisão na semana passada.
Um grupo de separatistas está fugido no estrangeiro, não tendo ainda sido julgado, entre eles o ex-presidente do executivo catalão Carles Puigdemont, que está na Bélgica, e foi eleito deputado do Parlamento Europeu.
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