Denunciadas "condições chocantes" para migrantes do canal da Mancha

Deputados britânicos denunciaram hoje as "condições chocantes" que encontraram numas instalações para migrantes chegados a Inglaterra em pequenas embarcações, com bebés e crianças pequenas entre as dezenas de pessoas amontoadas numa sala exígua na cidade portuária de Dover.

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Lusa
30/07/2021 15:47 ‧ 30/07/2021 por Lusa

Mundo

Reino Unido

Numa carta hoje divulgada, a comissão parlamentar de Assuntos Internos britânica indicou que os seus membros encontraram 56 pessoas enfiadas numa sala de espera da Unidade de Entrada de Kent, quando visitaram as instalações, esta semana.

A presidente da comissão, Yvette Cooper, uma deputada da oposição trabalhista, sustentou que as condições de superlotação constituíam um "claro risco" para o surgimento de um surto de covid-19.

"O espaço é claramente impróprio para acomodar tantas pessoas", comentou Cooper na carta dirigida ao secretário do Interior, Priti Patel, o ministro britânico com a tutela da Imigração.

"A maioria das pessoas estava sentada ou deitada em colchões finos que cobriam quase totalmente o chão, incluindo os corredores entre assentos", descreveu a parlamentar, precisando que "partilhando estas condições exíguas estavam muitas mulheres com bebés e crianças muito pequenas, juntamente com um número significativo de rapazes adolescentes e jovens adultos".

Cooper indicou que algumas pessoas foram mantidas naquela sala por um período de até 48 horas até serem enviadas para um alojamento, apesar de a lei dizer que não podem ser ali detidas por mais de um dia.

Outras passam até dez dias naquilo que é "basicamente uma área de escritório" enquanto aguardam para seguir viagem.

O Ministério do Interior disse que "números inaceitáveis de pessoas arriscam a vida em viagens de travessia do canal da Mancha, às mãos de gangues traficantes criminosos".

"Nós levamos o bem-estar dos migrantes extremamente a sério e, apesar desta pressão [dos números], melhorámos as nossas instalações, arranjámos pessoal adicional e estamos a trabalhar para processar as pessoas da forma mais rápida e segura possível", vincou, numa declaração feita à estação de televisão pública BBC.

Os Governos britânico e francês trabalham há anos, sem grande êxito, para impedir as pessoas que tentam alcançar a Inglaterra a partir do norte de França, ora escondendo-se dentro de camiões ou 'ferries' ou em travessias do canal em pequenas embarcações organizadas por traficantes.

Este ano, até agora, quase 8.500 pessoas chegaram à Grã-Bretanha atravessando o canal da Mancha em embarcações precárias -- mais ou menos o mesmo número que em todo o ano de 2020. Várias pessoas morreram a tentar fazer essa viagem.

As travessias têm sido aproveitadas por comentadores anti-imigração, como o ex-líder do partido UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) Nigel Farage, grande defensor do 'Brexit' (saída do Reino Unido da União Europeia, já concretizada), que tem criticado o serviço de salvamento marítimo britânico, a Royal National Lifeboat Institution (RNLI), por resgatar migrantes de barcos no canal e trazê-los para terra.

A RNLI, uma instituição de solidariedade social, defendeu o seu trabalho humanitário e revelou que os donativos aumentaram de uma média diária de 7.000 libras (8.200 euros) para 200.000 libras (235.000 euros) num dia, após as críticas.

Leia Também: Londres e Paris assinam acordo de segurança marítima para Canal da Mancha

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