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Negociações no México visam manter Maduro no poder, diz politólogo

O politólogo lusodescendente Vasco da Costa considerou hoje que os venezuelanos não mostram interesse pelas negociações, no México, entre o Governo e a oposição aliada de Juan Guaidó porque são "entre amigos" que buscam manter Nicolás Maduro no poder.

Negociações no México visam manter Maduro no poder, diz politólogo
Notícias ao Minuto

14:20 - 18/08/21 por Lusa

Mundo Venezuela

"O que falam no México não interessa aos venezuelanos, não lhes mudará em nada a vida (...) é um negócio entre eles (políticos). As negociações partiram do 'Grupo de Puebla', da Internacional Socialista que pretende manter Maduro no poder", disse o politólogo.

Segundo Vasco da Costa, que em agosto de 2020 foi indultado pelo Presidente Nicolás Maduro, depois de ser acusado de terrorismo e traição à pátria, "são negócios entre amigos que querem o mesmo" e garante que "o povo venezuelano está buscando fórmulas, alternativas, que não tem nada a ver com nenhum deles. É o que chamam o radicalismo".

"É uma vergonha ver como o Reino da Noruega se presta para isso. É triste ver presidentes latino-americanos e não vou falar de Biden (EUA) porque tem o mesmo problema que (Nicolás Maduro), é usurpador, entrem nesse carnaval, quando todos sabem que a ninguém lhes interessa o povo da Venezuela, que estão negociando entre eles", acrescentou o lusodescendente.

Segundo o politólogo, "o problema da Venezuela é a revolução bolivariana e sobre isso não falarão", sublinhando, no entanto, que as delegações que representam o regime e a oposição nas negociações "não são a mesma coisa, são caras diferentes de uma mesma moeda".

"Há uma oposição que não aceita essa venda da liberdade do povo, do aval que o povo deu a (Juan) Guaidó, quando a Assembleia Nacional foi eleita (em 2015)", disse.

No entender de Vasco da Costa, o líder opositor Juan Guaidó "foi uma alternativa para o povo da Venezuela quando propôs cessar a usurpação, um governo de transição e eleições livres", mas os "partidos velhos" do G-4 que o apoiam (Ação Democrática, Vontade Popular, Primeiro Justiça e Um Novo Tempo), "negoceiam com o Governo".

"Guaidó simplesmente agarrou os dinheiros do povo da Venezuela (...) entrou na corrupção e terminou negociando com o Governo para tratar de limpar essa corrupção", disse, denunciando que o objetivo é manter as negociações até às eleições regionais de 21 de novembro.

O lusodescendente explicou à Lusa que estão a surgir "muitas alternativas" e que propõe "o nacionalismo dourado, "uma estrutura ideológica de pensamento, conservadora no político, liberal no económico e de avançada no social", que mais que dar apoios às pessoas, deve fazê-las sair da pobreza.

"Estamos fazendo um movimento estudantil, desportivo, educativo e de formação de quadros políticos, por isso é que o Governo nos persegue tanto, porque nós vamos à base (popular). Há que mudar a mentalidade", disse precisando que falamos de "um país rico", mas que o Governo fracassou rotundamente "e por isso está muito débil e a oposição 'oficialista' (que apoia o regime oficial) vai em sua ajuda, e em qualquer momento pode chegar um ponto de 'quebre' [rutura]".

No entanto, afirma que "o futuro será luminoso" e que "os objetivos estão claros" para uma "Venezuela que é um país virgem e cheio de potencialidades".

"Vamos fazer que da terra brote um movimento decente, aguerrido, inteligente, que desfaça tanto a tirania comunista que nos tem oprimido como os descarados que se dizem de oposição e que têm sido as sanguessugas do país", concluiu.

Representantes do Governo do Presidente e da oposição aliada de Juan Guaidó iniciaram, na sexta-feira, uma nova ronda de negociações, no México, com a mediação da Noruega.

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres e democráticas.

Leia Também: Maduro atribui situação no Afeganistão ao fracasso da política dos EUA

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