"É essencial manter uma estreita coordenação entre aliados para estabelecer uma estratégia comum na nova situação em Cabul", afirmou Luigi Di Maio, na reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE) do G7, realizada hoje para preparar a cimeira de chefes de Estado da próxima semana considerando que Rússia, China e Turquia têm um papel fundamental na crise afegã.
A reunião do G20, defendeu, "constituirá uma oportunidade para alargar o apoio a uma abordagem comum" e permitirá coordenar as posições com outros parceiros importantes, destacando a Rússia, a China e a Turquia.
Embora não tenham dado pormenores, os meios de comunicação italianos noticiaram hoje que a reunião do G20 sobre o Afeganistão poderia ter lugar em setembro, um mês antes da cimeira de chefes de Estado e de Governo, na qual Itália termina a presidência do agrupamento de 19 países industrializados e emergentes de todos os continentes e da União Europeia.
Após a subida ao poder dos talibãs no Afeganistão, que "devem ser julgados pelos seus atos e não pelas suas palavras", "é importante agir de forma coordenada" contra eles, defendeu Di Maio perante os seus colegas do G7, de acordo com fontes oficiais.
"Temos algumas vantagens, embora limitadas, sobre eles, tais como o distanciamento da comunidade internacional e a continuação da ajuda ao desenvolvimento prestada até agora", explicou, acrescentando que também era a favor de se "manter uma posição firme sobre o respeito pelos direitos humanos e liberdades, e de enviar em conjunto mensagens claras".
Di Maio ainda referiu a necessidade de manter a bem sucedida luta antiterrorista comum das últimas décadas no Afeganistão, para "evitar que se torne novamente um terreno fértil".
"Este é um exemplo claro de um interesse comum que só podemos prosseguir em estreita cooperação com os principais atores regionais, que devemos envolver de forma imediata e coordenada", sublinhou.
Além disso, o ministro revelou que o plano da Itália, um dos países que está a retirar os seus cidadãos e colaboradores de Cabul mais rapidamente, é repatriar cerca de 2.500 civis afegãos, dos quais mais de 500 já chegaram ao país com os últimos voos que aterraram em Roma.
O chefe da diplomacia italiana disse também que a Itália já fez uma primeira contribuição de 250.000 euros para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNCHR, na sigla em inglês) para fazer face à emergência humanitária no Afeganistão.
"Todos esperamos um número crescente de requerentes de asilo e migrantes do Afeganistão, é um problema que não podemos deixar de abordar em conjunto com a comunidade internacional", e para o qual é vital "definir uma política comum e uma resposta comum", disse, antes de indicar que Roma suspendeu 'de facto' todas as iniciativas de cooperação para o desenvolvimento envolvendo as autoridades afegãs.
"Pelo contrário, estamos prontos a contribuir para iniciativas de resposta de emergência levadas a cabo por organizações internacionais", explicou.
Os talibãs conquistaram Cabul no domingo, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.
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